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BPI dispara 9% após suspensão. BCP atenua valorização para 2%
As acções do BPI e do BCP negociaram em alta com as notícias em torno de uma eventual fusão, promovida por Isabel dos Santos. A confirmação das conversações animou os títulos do primeiro mas aligeirou os ganhos do BCP.
Foi uma sessão animada para os bancos portugueses que a empresária angolana Isabel dos Santos quer fundir. Houve ganhos superiores a 9% durante o dia. No fecho, enquanto o Banco Comercial Português atenuou a valorização, o Banco BPI manteve o fôlego: o banco liderado por Fernando Ulrich, além de alvo de uma OPA, é também um elemento de uma fusão, o que sustentou a subida.
O BPI terminou esta terça-feira, 3 de Março, a negociar nos 1,483 euros, uma subida de 9,04% em relação ao valor de segunda-feira. É a cotação mais elevada do último mês. Já o BCP avançou 2,43% para encerrar o dia nos 8,54 cêntimos, o preço mais elevado desde Novembro de 2014.
A notícia do Expresso sobre a operação surgiu na segunda-feira já depois do fecho dos mercados: Isabel dos Santos queria responder à oferta lançada pelos catalães do CaixaBank ao BPI com uma fusão deste com o BCP. Os restantes jornais confirmaram a intenção. Contudo, as acções negociaram livremente esta terça-feira com esta informação a circular. O que conduziu a fortes valorizações dos dois bancos no arranque o dia. Ambos iniciaram o dia a ganhar em força face ao fecho de ontem: o BPI iniciou a sessão a ganhar 5%, tendo chegado a valorizar mais de 9% (o que aconteceu, também, no fecho); o BCP avançou 7% no arranque, sendo que também esteve a subir mais de 9% durante esta terça-feira.
Com esta reacção em forte alta dos títulos, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários ordenou que a carta enviada por Mário Silva, representante da Santoro, às administrações do BPI, BCP e CaixaBank, fosse tornada pública. O BCP enviou um comunicado, pelas 12h34, a dizer que estava "disponível" para negociar se o BPI quisesse. Mas a carta continuava desconhecida. Pouco antes das 13h00, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários suspendeu, por isso, a negociação das acções à espera de informação relevante. Essa informação veio com a publicação daquela missiva por parte do BPI – que, apesar de revelá-la, não se pronunciou sobre a fusão nem falou em qualquer disponibilidade para discuti-la.
Com a carta tornada pública, a negociação dos títulos dos dois bancos voltou a acontecer pelas 14h00. O BCP perdeu algum fôlego – terminou com a referida subida de 2,07%. O BPI manteve-o e conseguiu mesmo subir 9%.
O preço foi ajudado pela forte troca de acções. O volume das duas instituições foi superior ao habitual. Foram transaccionados 750 milhões de títulos representativos do capital do BCP. A média dos últimos seis meses é menos de metade: 306 milhões. No caso do banco presidido por Fernando Ulrich, a média é 3,5 milhões de acções transaccionadas sendo que, nesta sessão, o volume ascendeu a 9,8 milhões.
Ao fecho de mercado, o BPI vale 2.153 milhões de euros. Já a capitalização bolsista do banco liderado por Nuno Amado é de 4.633 milhões.
BPI longe do CaixaBank
Ao valer 1,478 euros por acção, o BPI está cada vez mais distante dos 1,329 euros oferecidos pelo CaixaBank na oferta lançada na semana passada. Os catalães lançaram uma OPA e, como foi sendo já dado a conhecer, nem toda a administração considera que o preço oferecido contém um prémio de controlo - o que perspectivava que, para avançar, fosse precisa uma revisão da contrapartida.
O preço de fecho é, neste momento, 11% superior à contrapartida que os catalães estão dispostos a pagar. As acções valem mais do que aquilo que é oferecido, o que parece dar a entender que os investidores não acreditam no sucesso da operação - ou, pelo menos, antecipam uma revisão do preço que será oferecido pelo CaixaBank.
(Notícia actualizada às 17h15 com mais informações)