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Santoro teve conversas preliminares com BCP para fusão com BPI
Em carta, o representante de Isabel dos Santos na administração do BPI diz querer manter a independência da gestão do BPI. Daí, a fusão com o BCP. Pede, para isso, a ajuda do CaixaBank, relembrando que já o ajudou no passado. E avança com seis razões para a operação avançar.
A Santoro, da empresária angolana Isabel dos Santos, teve contactos preliminares com a gestão do Banco Comercial Português, liderada por Nuno Amado, para avançar com uma fusão com o Banco BPI, de forma a responder à oferta pública de aquisição lançada pelo CaixaBank.
"A Santoro tem mantido conversações com vários stakeholders do Millennium BCP, incluindo accionistas de referência e, em termos ainda preliminares, com a própria equipa de gestão, sendo nossa convicção que existe abertura de diálogo aprofundado pelas equipas de gestão direccionado à consolidação entre os dois bancos", sublinha a carta enviada por Mário Silva, administrador da Santoro e seu representante no conselho de administração do BPI, e que foi publicada através do site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Aliás, o BCP, no seu comunicado ao regulador do mercado de capitais, defende que "havendo interesse do Banco BPI, a comissão executiva do BCP manifesta a sua disponibilidade para analisar a referida operação, com respeito pelo circunstancialismo regulamentar aplicável".
A Santoro apresenta a fusão porque acredita que têm de ser apresentadas "alternativas estratégicas para o futuro do Banco BPI" que vão além da OPA do CaixaBank, com a qual não concorda. E sublinha que a sua participação na instituição financeira liderada por Fernando Ulrich "não é meramente financeira", tendo também um "carácter estratégico".
Esse sentimento leva a que a sociedade da empresária, filha do presidente de Angola Eduardo dos Santos, considere que deve promover a "análise de uma operação de fusão entre as duas entidades".
"Uma operação virtuosa, de criação de valor e que, cremos, serve da melhor maneira os interesses dos accionistas de ambas as instituições, dos seus funcionários e clientes e, por isso, deverá ser devidamente ponderada e analisada pelos conselhos de administração de ambas as sociedades", conclui ainda a carta assinada pelo administrador do BPI em nome da angolana Santoro.
Pede ajuda a CaixaBank e relembra que já o ajudou
Contudo, para a fusão ter sucesso, é necessário o apoio dos catalães – daí que a carta seja dirigida a Fernando Ulrich, Nuno Amado mas também a Gonzalo Gortázar, presidente da comissão executiva do CaixaBank.
A Santoro sabe que avançar para uma fusão entre os dois bancos "é um caminho que implica a convergência e o alinhamento de um conjunto significativo de vontades e interesses – e, em particular, a vontade e o interesse do CaixaBank", daí que peça a sua "receptividade" para "encetar" um processo de diálogo.
Nesse caminho de cooperação, a empresária angolana relembra que também já ajudou os catalães. Diz que entrou no BPI numa situação de "crise", em 2008, e que também foi no espírito de um "projecto partilhado de criação de valor" que foi reforçando a sua posição e que permitiu, igualmente, o "reforço da posição do CaixaBank sem que esta instituição fosse obrigada ao lançamento de uma OPA por ultrapassagem do limite dos 33,33% do capital social". O CaixaBank tem 44% do BPI mas os estatutos estão blindados, pelo que os direitos de voto não superam os 20%. Assim, a Santoro faz esta lembrança enquanto pede diálogo.
Na missiva, Mário Silva enumera seis vantagens para que a fusão entre BPI e BCP siga em frente e justifique a retirada da OPA pelos catalães. Entre elas está a constituição de um banco com "posições de referência em quatro geografias - Portugal, Angola, Moçambique e Polónia" mas também o "reforço de capacidades e de capital".
(Notícia actualizada com mais informações pelas 14h26)