Não há qualquer processo de capitalização com dinheiros públicos a ser preparado no Terreiro do Paço, onde se situa o Ministério das Finanças. Quem o diz é a ministra que lidera essa pasta.

"Não estamos a preparar a recapitalização do BES. Nada da informação que temos indica que a recapitalização pública seja necessária", declarou Maria Luís Albuquerque nas respostas aos deputados na audição exclusiva sobre a situação do banco na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

A ministra remete para o comunicado do BES que já tornou pública a exposição do banco ao Grupo Espírito Santo (que está em dificuldades e em que algumas sociedades deverão pedir protecção de credores), onde o BES diz que tem uma almofada de capital suficiente para cobrir eventuais perdas.  

Para descartar um cenário de intervenção pública, a ministra também remeteu para as declarações do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, que já assegurou que há accionistas privados interessados em adquirir acções do BES num eventual aumento de capital.

"Não há nenhuma razão para pensarmos que haverá intervenção do Estado e não é, de todo, adequado especular sobre esse tema", disse. E repetiu: "Não estamos a preparar nada, nem temos qualquer indicação que isso possa ser necessário".

Na mesma audição parlamentar, a ministra assegurou que "a intervenção pública na banca é sempre um cenário de último recurso". 

Questionada pelo deputado comunista Paulo Sá sobre se Portugal tinha de temer um processo idêntico à nacionalização do BPN, Maria Luís Albuquerque deixou a garantia de que a "situação não se pode repetir". "Essa hipótese [nacionalização] não está nem estará em cima da mesa".