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José Veiga é accionista do banco Carregosa

A instituição financeira sediada no Porto defende que o antigo empresário de futebol, actualmente detido, não interfere na gestão, apesar da posição inferior a 5% que tem no seu capital.

01 de Março de 2016 às 17:20
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José Veiga é um pequeno accionista do Banco Carregosa, confirmou o Negócios depois de uma notícia avançada pelo Observador. O banco chegou a ser alvo de buscas para que as autoridades judiciais tivessem acesso aos dados de um cliente – que se veio a saber que era o antigo empresário de futebol. Cliente que é, na prática, um dos seus donos, ainda que, defende a instituição, tenha um poder reduzido.

 

"Sim, é accionista mas a participação é inferior a 5% e não é qualificada (nem tem interferência na gestão)", assinala a assessoria de imprensa do Carregosa, banco a que pertence a corretora Gobulling. A aquisição terá sido feito, em 2014, através da Norwich, segundo o Observador. 

 

Segundo o site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), há três participações qualificadas no Carregosa: Maria Cândida Rocha e Silva, a presidente da administração do Carregosa, detém 29,33% do banco; Jorge Freitas Gonçalves, administrador, controla 18,89%; Amorim Projectos, de Américo Amorim, com 7,94%.

 

No site oficial do banco, e tendo como base os dados do final de 2012, havia mais um accionista com participação superior a 5%: António Pinto Marante, também administrador, mas que não consta dos registos da CMVM do final de Abril de 2015.

 

Pelo meio, em 2014, José Veiga entrou no capital do Carregosa, conta o Observador. Com base no Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, as participações qualificadas são "não inferiores" a 10% do capital social ou direitos de voto, da mesma forma que também podem ser consideradas quando, por "qualquer motivo", existe uma "influência significativa na gestão da empresa participada". Assim, segundo a resposta do Carregosa, José Veiga não se enquadra nem numa nem noutra, razão para ser considerado como tendo participação qualificada. Razão pela qual a aquisição não tinha de ser autorizada pelo Banco de Portugal.

 

O regulador do sector financeiro ainda não respondeu às perguntas do Negócios sobre o tema mas, ao Observador, referiu que "desenvolveu todas as diligências consideradas relevantes, encontrando-se as referidas diligências e os resultados das mesmas cobertos pelo dever de segredo do Banco de Portugal".

 

Esta ligação entre o Carregosa e José Veiga tinha sido já feita pouco depois da detenção do empresário, que estava a comprar o Banco Internacional de Cabo Verde ao Novo Banco (aquisição entretanto anulada). O banco foi alvo de buscas no Porto a 11 de Fevereiro, sendo que o mandato visava informação sobre um cliente (que o Carregosa não confirma ser José Veiga mas que a imprensa dá como certo). As respostas foram dadas às autoridades judiciais.

 

O empresário, que também tem um banco na República do Benim, de acordo com o Observador, está a ser investigado por utilizar a sua presença em bancos para promover branqueamento de capitais, ou seja, colocar a circular capitais com origem em actividades ilícitas.

 

Segundo os dados registados junto do Banco de Portugal, o Carregosa tinha, no final de Setembro do ano passado, activos de 209 milhões de euros contra passivos de 180 milhões, resultando num capital próprio de 28,5 milhões de euros (pior do que o registado no final de Dezembro). Nos primeiros nove meses do ano, o banco verificou um prejuízo de 459 mil euros.


Veiga em prisão preventiva


José Veiga está aguardar a decisão judicial em prisão preventiva. O comprador do Banco Internacional do Cabo Verde, por 14 milhões de euros, é um dos quatro indivíduos constituídos arguidos na investigação Rota do Atlântico. Segundo o jornal Público, as autoridades judiciais investigam como é que foi pago o sinal, na operação de compra do banco, de mais de 10 milhões de euros, já que se encontra na lista de devedores do Fisco. Entretanto, tanto o Banco de Portugal como o Banco de Cabo Verde já se opuseram à operação.

O Banco de Cabo Verde já se tinha, aliás, oposto a que José Veiga pudesse constituir um banco, designado de Banco Internacional Africano, como foi solicitado em 2015 pelo empresário. 

 

O Expresso já noticiou que há funcionários do banco de Cabo Verde visados pelas suspeitas do Ministério Público, sendo que o Correio da Manhã avança que há mesmo colaboradores do Fundo de Resolução, accionista único do Novo Banco, que também estão sob o olhar da justiça. Em comunicado, o Fundo de Resolução recusa qualquer papel na alienação da unidade. O Banco de Portugal também defendeu que a escolha do comprador partiu do processo liderado pelo vendedor, o Novo Banco, mas Eduardo Stock da Cunha afirmou que não tem competências para analisar a idoneidade de ninguém - esse seria o trabalho a fazer, agora, pelo regulador depois da escolha do comprador. 

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