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José Manuel Espírito Santo: “Salgado era o principal responsável pela gestão financeira do GES”
O antigo braço-direito de Ricardo Salgado no BES aponta ao banqueiro a responsabilidade pela gestão financeira do GES. Sem acusar o primo de ter falsificado as contas da ESI, José Manuel Espírito Santo nega ter tido conhecimento prévio desta irregularidade, na contestação à acusação do Banco de Portugal, a que o Negócios teve acesso.
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"Quer o banco quer o grupo tinham uma liderança marcada por alguma centralização. Com destaque, aliás, para as matérias [de contabilidade, financeiras, de tesouraria e de investimentos]. Relativamente às quais quem liderava era o Dr. Ricardo Salgado". É desta forma que José Manuel Espírito Santo, antigo braço-direito do ex-líder do BES, aponta o dedo ao primo sem, no entanto, o acusar de ter falsificado as contas da Espírito Santo International (ESI).
A contestação do antigo administrador do BES ao primeiro processo de contra-ordenação do Banco de Portugal, a que o Negócios teve acesso, sublinha a concentração de poder no banco e no Grupo Espírito Santo na pessoa de Ricardo Salgado. Mas não acusa o primo de ter sido responsável pela ocultação do passivo da ESI, "holding" de topo do GES, que esteve na origem do colapso do grupo e do BES.
"Ricardo Salgado era líder incontestado do banco e do grupo há mais de 20 anos, e era o principal responsável pela gestão financeira do grupo", sublinha José Manuel, na defesa dos quatro ilícitos em que está acusado pelo Banco de Portugal, a que o Negócios teve acesso. Mas não o acusa de nada.
Aliás, o ex-administrador do banco faz questão de sublinhar que "desconhece se é verdade ou não o que a acusação descreve quanto às razões pelas quais outros terão ou não procedido desta ou daquela forma relativamente a esta ou aquela matéria relacionada com tais contas, não sabe quem fez, o que fez, porque fez".
A única garantia que José Manuel Espírito Santo dá é que "não interveio nisso, nem teve disso conhecimento ou sequer desconfiança".