Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Carlos Silva e Carlos Monjardino são testemunhas apontadas por Ricardo Salgado

Ricardo Salgado indica 27 personalidades para serem que o seu testemunho seja recolhido no âmbito do processo contra-ordenacional do Banco de Portugal. E argumenta com palavras do governador para que esse número seja admissível.

  • 10
  • ...

O secretário-geral da UGT – União Geral dos Trabalhadores é uma das 27 personalidades que Ricardo Salgado, na sua defesa no processo de contra-ordenação lançado pelo Banco de Portugal, pede para serem ouvidas enquanto testemunhas.

 

Carlos Silva é indicado no documento, a que o Negócios teve acesso, embora não sejam conhecidos os motivos pelo pedido. Quando se candidatou a responsável da central sindical, o bancário era funcionário do BES e disse, publicamente, que tinha falado com Ricardo Salgado sobre o tema, nomeadamente pedindo autorização. "Enquanto presidente da Comissão executiva do BES, desejou-me sorte e disse que era também um factor de prestígio para o BES ter um dos seus colaboradores como secretário-geral da UGT", disse numa entrevista ao Diário das Beiras em 2012.

 

Mais tarde, em 2014, e antes da resolução aplicada ao BES, veio dizer publicamente que não julgava que o BES estivesse "assim tão mal, até porque [havia] provas de que em termos de banco [estava] devidamente consolidado". "O problema aqui foi a área não financeira da família", defendeu o bancário do banco. O Negócios não conseguiu obter uma reacção de Carlos Silva.

 

Por sua vez, Carlos Monjardino é apontado como testemunha abonatória. O presidente da administração da Fundação Oriente é amigo de Salgado. "Conheço o Ricardo Salgado desde miúdo e não tenho o costume de deixar cair as pessoas quando estão penduradas", disse numa entrevista ao i em Novembro do ano passado.

 

Fernando Nobre, presidente da AMI, também consta da lista de 27 pessoas, tal como o presidente da Martifer, Jorge Martins. Não foi possível obter esclarecimentos de nenhum destas quatro personalidades.

 

Ricardo Salgado, através da equipa de advogados liderada por Francisco Proença de Carvalho, também pede que José Castella, antigo responsável pelas finanças do Grupo Espírito Santo, a par do contabilística Francisco Machado da Cruz (que não é chamado e que o ex-banqueiro acusa ter várias versões da mesma história), seja chamado. Castella esteve na comissão de inquérito à gestão do BES e GES, mas foi ouvido à porta fechada, tendo passado "culpas" para o "commissaire aux comptes".

 

Salgado quer esclarecer datas da resolução

 

No âmbito do processo de resolução do BES, contestado por Salgado, é igualmente convocada Sophie Hadjiveltcheva, que é chamada pelas funções que exerceu na Direcção Geral de Concorrência da Comissão Europeia, organismo que teve de autorizar a constituição do Novo Banco. Um dos objectivos é perceber a calendarização do pedido feito pelo Estado português. A sua prova testemunhal é solicitada com o recurso a carta rogatória (já que se encontra noutra jurisdição).

 

A comissão de auditoria do Banco Espírito Santo também é chamada em peso: José Pena, Fernando Pereira Coutinho e Luís Daun e Lorena. São nomes que, curiosamente, foram chamados à comissão de inquérito ao BES mas que não chegaram a ser ouvidos.

 

Salgado quer chamar mais pessoas e usa Carlos Costa como argumento

 

Salgado, acusado pelo Banco de Portugal de cinco infracções, pede a convocação de 27 personalidades e pede para que todas sejam ouvidas. O número supera as que poderiam ser convocadas – são possíveis três testemunhas por infracção, ou seja, 15 neste caso, o que também ultrapassa as 12 que poderia chamar ao todo.

 

Os advogados do ex-presidente histórico do BES lembram que a lei prevê que se ultrapasse os limites "desde que tal se afigure essencial à descoberta da verdade, designadamente à excepcional complexidade do processo". E justificam com a complexidade do processo, o elevado número de páginas da acusação e dos anexos: "um autêntico megaprocesso", com 58.368 folhas.

 

"Afigura-se manifesto que o presente processo reveste excepcional complexidade", aponta a sociedade de advogados. Uma ideia que suportam com declarações feitas por Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, na comissão de inquérito: "peço desculpa por dizer isto desta forma, mas a complexidade desse processo é muito superior àquela que nós, neste momento, podemos especular". 

Ver comentários
Saber mais Carlos Silva UGT Ricardo Salgado Carlos Monjardino Fernando Nobre
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio