Assim que foi alertado para o aumento da dívida do Grupo Espírito Santo por parte do contabilista da Espírito Santo International (ESI), em Abril de 2013, José Manuel Espírito Santo encaminhou Francisco Machado da Cruz para o conselho superior do GES. No entanto, Ricardo Salgado impediu o "commissaire aux comptes" de entrar na reunião.

"Francisco Machado da Cruz chegou a ir ao conselho superior, presume-se que para expor estas suas preocupações a este órgão; mas ficou à porta do mesmo, porque o arguido Ricardo Salgado não autorizou a sua entrada – ao que o arguido se recorda", refere José Manuel Espírito Santo na contestação à acusação do Banco de Portugal, a que o Negócios teve acesso.

O antigo braço-direito de Salgado recorda este episódio para mostrar ter sido diligente perante as preocupações que o contabilista da ESI lhe expressou em Abril de 2013. "O arguido, depois da conversa que Machado da Cruz teve com ele, não actuou sequer displicentemente ao remeter o mesmo para o conselho superior, pois era essa a atitude que se lhe impunha, atendendo à natureza das questões em causa e desse órgão e, ainda, ao facto de o arguido não acompanhar nem dominar essas matérias", lê-se na defesa que está a cargo do advogado Rui Patrício.