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Há mais conclusões da auditoria forense ao BES e novos indícios de actos dolosos de gestão ruinosa

Três das cinco linhas de investigação da auditoria forense ao BES ainda estão por concluir mas os deputados receberam pequenas conclusões. Os relatórios completos não deverão, contudo, chegar ao Parlamento porque vão ficar logo em segredo de justiça.

Bloomberg
30 de Abril de 2015 às 13:44
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Na mesma semana em que foi aprovado o relatório final da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, aprovado com os votos favoráveis do PSD, CDS e PS, ainda chegam documentos aos deputados. Na segunda-feira, 27 de Abril, a comissão recebeu a indicação sobre as principais conclusões das três linhas de investigação da auditoria forense, pedida pelo Banco de Portugal à Deloitte.

 

A auditoria forense foi dividida em cinco blocos. Dois deles já tinham sido entregues aos deputados: a do cumprimento da separação entre o Banco Espírito Santo e o grupo (ring-fencing), onde se conclui que Ricardo Salgado desobedeceu ao Banco de Portugal e onde se indica que houve financiamento a administradores; a do BES Angola, em que a se aponta para gestão danosa e se indica que havia transferência de dinheiro daquela unidade angolana para responsáveis do BES e do BESA.

 

Os restantes três blocos ainda estão a ser trabalhados, apesar de o Banco de Portugal ter enviado algumas notas sobre as conclusões e os eventuais crimes praticados, já que Fernando Negrão, presidente da comissão de inquérito, pediu o envio dos blocos "em tempo útil a informação possível". 

 

O regulador liderado por Carlos Tavares entrega as notas mas indica que "logo que formalmente encerradas as conclusões da Deloitte relativamente aos blocos ainda por fechar, o Banco de Portugal procederá à sua remessa à Procuradoria-Geral da República, no âmbito do dever de denúncia e cooperação com a Justiça em matéria em que existam indícios de crime, integrando também essas conclusões nos diferentes processos de contra-ordenação em curso".

 

Também a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários vai integrar os últimos dois blocos "em processo de contra-ordenação em curso, ficando sujeitos a segredo de justiça". Ou seja, os documentos serão divulgados.

 

O que chegou ao Parlamento


3º bloco ESI

A terceira fase da auditoria forense é relativa ao acréscimo do passivo financeiro da ESI. Há várias conclusões: a venda de papel comercial do GES nos balcões não BES não cumpriu o que havia sido aprovado no banco; foi cedido crédito a uma sociedade do GES, a ES Irmãos, que ultrapassava o montante máximo autorizado; o BES tinha "informação suficiente para detectar desconformidades" nas contas da ESI.

 

Nesse sentido, os factos podem conter crimes como "gestão ruinosa, em detrimento de depositantes, investidores e demais credores, praticados pelos membros dos órgãos sociais".

 

Eurofin

O quarto bloco da auditoria forense debruça-se sobre os veículos constituídos pelo Credit Suisse mas "geridas, de facto, pelo BES" e que comercializaram obrigações do BES. "Foram geradas mais-valias de aproximadamente 787 milhões de euros, as quais terão sido apropriadas por veículos da Eurofin", conclui a auditoria.

 

Mas estas operações, ocorridas em 2014, não foram caso único. "Constatou-se igualmente a existência de mais-valias, igualmente apropriadas por aqueles veículos, na colocação de um conjunto de obrigações emitidas pelo Grupo BES desde 2009".

 

Em causa poderá estar a violação de inúmeros deveres relativos a controlo interno e intermediação financeira. E mais uma vez a prática de actos dologos de gestão ruinosa, em detrimento de depositantes, investidores e demais credores, praticados pelos membros dos órgãos sociais".

 

ESAF e ES Liquidez

A última linha de investigação da auditoria forense é a da forma como a gestora de activos ESAF, que pertencia ao BES, foi utilizada pelo banco para a colocação de dívida junto de clientes.

 

"Salienta-se que, até Outubro de 2013, as carteiras dos fundos de investimento mobiliário ES Rendimento e ES Liquidez eram compostas, essencialmente, por papel comercial emitido por entidades do GES, tendo a exposição conjugada destes fundos ao GES ascendido a cerca de 2,3 mil milhões de euros em Agosto de 2013", indica.

 

Não há mais conclusões a não ser a existência de "indícios de violação de um conjunto muito significativo de deveres" inscritos no código de valores mobiliários. 

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