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Fosun não está envolvida na venda do Novo Banco "mas tudo é possível"
A Fosun já esteve interessada no processo de venda do Novo Banco, no Verão do ano passado. Mas, neste momento, não olha para esse dossier.
O Banco de Portugal relançou em Janeiro de 2016 o processo de venda do Novo Banco, após em Setembro de 2015 ter interrompido a primeira tentativa pois nenhuma das três propostas vinculativas finais era satisfatória. Na altura, a corrida ficou limitada a três candidatos: as chinesas Fosun e Anbang, bem como o fundo norte-americano Apollo. A primeira não está, neste momento envolvida no processo, disse Guo Guangchang (na foto), "chairman" da empresa, em entrevista à Reuters.
"Portugal é um destino prioritário para Fosun por isso estamos à procura de outras oportunidades", disse Guangchang. "Nós prestámos atenção ao Novo Banco. Neste momento, não estamos envolvidos [nesse processo], [mas] tudo é possível".
Na mesma entrevista, durante uma visita a Portugal, Guo Guangchang afirmou que a Fosun International, dona da Fidelidade, quer ser líder global dentro de cinco a dez anos nos seguros, turismo e saúde, vendo cada vez mais oportunidades nos mercados emergentes. Guangchang destacou que a aposta em sectores de rápido crescimento relacionados com o consumo deve gerar valor à Fosun que, nas últimas duas décadas, gastou cerca de 30.000 milhões de dólares em fusões e aquisições, nomeadamente na Europa e nos EUA.
"Nós vemos cada vez mais e mais oportunidades globalmente e, por isso, estamos a adaptar a nossa estratégia", afirmou.
Adiantou que a Fosun está a "prestar mais atenção aos mercados emergentes", frisando: "Estamos à procura a nível global, mas estamos a prestar mais atenção à Rússia, Índia, Brasil e África".
"A nossa meta para os próximos cinco a dez anos é tornarmo-nos o fornecedor de serviços líder mundial para indivíduos e famílias em termos de saúde, riqueza e felicidade", disse Guo Guanchang. "Um fornecedor de soluções. Vamos tornar-nos uma empresa mais internacional com a raiz na China", adiantou.
O investimento em mercados emergentes deverá focar-se, por exemplo, em cuidados de saúde ou turismo, mas também potencialmente em projectos de produção de "commodities".
Guo Guangchang considera que as valorizações de activos nos mercados europeus e norte-americanos têm subido, mas "ainda estão dentro de um intervalo razoável". "A valorização do preço é apenas um factor para Fosun", disse, recordando que a Fosun olha sempre com um ângulo que permita a 'transferência' da empresa, ou o activo, para a China". Mas, frisou: "a China continuará a ser o maior foco de investimento para Fosun".
Guo Guangchang reconheceu que a economia da China enfrenta desafios, especialmente em sectores como a construção, onde há excesso de capacidade, mas está "confiante que o crescimento vai manter um crescimento de cinco a seis por cento nos próximos anos".
"Nós vemos um crescimento rápido em certas áreas (na China) relacionadas com o consumo, saúde, turismo, 'spas' e entretenimento", acrescentou.
Afirmou ainda que "o nível de dívida das empresas na China é bastante elevado, mas a boa notícia é que a taxa de juro está a diminuir, o que é bom para as empresas".