"A Portugal Telecom não é um investidor qualquer. É um investidor qualificado. Tem, como grande investidor qualificado, a plena consciência das decisões de financiamento que toma, tanto mais da dimensão e natureza daqueles que tomou aqui".

João Rodrigues Pena fez esta declaração na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, na audição que se realizou esta terça-feira, 6 de Janeiro. Pena era o presidente executivo da Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo em que a PT aplicou, em 2014, 897 milhões de euros dos seus excedentes de tesouraria em papel comercial (título de dívida de muito curto prazo). Que não foram devolvidos. 

"É preciso não esquecer que existiu uma renovação em Abril das linhas de financiamento tomadas em Fevereiro", quis frisar João Pena em resposta à deputada socialista Ana Paula Vitorino. A PT tinha dívida da Espírito Santo International, sociedade de topo do GES, mas em Fevereiro de 2014 acabou por investir na Rioforte, totalmente detida pela ESI e que passou a "assumir" grande parte da sua dívida. Em Abril, renovou-a. Esta aplicação da PT foi colocada pelo BES, contou também João Pena.  

"Se a situação da Rioforte perante a PT, em Abril, não fosse uma situação de mínimo conforto, essa situação [de investimento] não teria existido", concluiu João Pena. Em Julho, a sociedade do GES não conseguiu pagar este investimento.

Na sequência disso, a PT acabou por perder força no processo de fusão com a Oi, tendo perdido o seu presidente Henrique Granadeiro, sendo que também Zeinal Bava abandonou a brasileira. Já a Rioforte encontra-se em insolvência, por não cumprir as suas obrigações, tal como grande parte das sociedades de topo do GES, entre as quais a ESI.