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Credores criticam preços da oferta de compra do Novo Banco

Dois fundos, um alemão e outro espanhol, levantaram publicamente, em declarações ao Eco, dúvidas sobre as condições oferecidas pelo Novo Banco na troca de dívida anunciada em Julho.

David Martins/Correio da Manhã
08 de Agosto de 2017 às 11:51
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Passaram-se duas semanas desde que o Novo Banco anunciou a operação de compra de dívida, com que pretende reforçar a sua solvabilidade e que é essencial para concretizar a sua venda à Lone Star. Primeiro, foram as agências de "rating" a levantar dúvidas, apesar de os analistas até defenderem a venda. Agora, são alguns dos próprios credores da instituição financeira, alvo da oferta, a criticarem as condições.

 

Ao jornal Eco, houve já dois fundos de investimento a questionarem os preços. "Há preços diferentes nas várias séries de obrigações. Parece-me que os preços não seguem uma fórmula justa num sentido económico. Parece-me mais uma decisão motivada politicamente", foi a consideração deixada, logo depois de conhecida a oferta, pelo director do fundo alemão Xaia Investments, Jochen Felsenheimer, entidade que tem 100 milhões de euros nas obrigações visadas.

 

Esta terça-feira, 8 de Agosto, foi a espanhola Ever Capital a referir-se ao preço oferecido como "baixo". "Normalmente, estas ofertas de aquisição deviam encorajar os investidores a participarem e os preços têm ser mais elevados do que os níveis secundários anteriores à oferta. E este não é o caso com a oferta do Novo Banco", disse ao Eco Eva Rodríguez Roselló, que gere os 5 milhões de euros em obrigações.

 

Em causa estarão cerca de 105 milhões de euros de um total de 2.750 milhões que o Novo Banco teria de gastar caso comprasse todas as 36 linhas de obrigações visadas pela oferta.

Primeiro retalho, depois institucionais

 

Em Portugal, os grandes bancos portugueses garantiram que não tinham subscrito quaisquer obrigações do Novo Banco, mas mostraram vontade de que a operação fosse bem-sucedida. Na verdade, são os bancos que contribuem para o Fundo de Resolução, accionista único do Novo Banco – e esta oferta de compra de dívida tem de ser concluída para que a venda de 75% do banco aos americanos da Lone Star, acordada em Março, se concretize. É esta operação em que compra toda a sua dívida dispersa nas mãos de investidores que dará um reforço de 500 milhões de euros à solidez do banco.

 

O banco liderado por António Ramalho (na foto) anunciou a oferta a 24 de Julho, altura em que foi revelada que as linhas seriam compradas a desconto face ao valor nominal: descontos que iam desde 11% e que se estendiam até 90,25% - nos maiores descontos, estão em causa obrigações de cupão zero, cujo investimento inicial foi feito abaixo do valor nominal.

 

A instituição financeira tinha como objectivo começar Agosto a seduzir os credores de retalho, ou seja, os não institucionais, que possam ter ficado com aqueles títulos. E, aí, o Novo Banco pretende oferecer depósitos a prazo que permitam, num máximo de cinco anos, compensar as perdas com as remunerações atribuídas.

 

Só depois dos contactos com estes investidores é que, como noticiou já o Negócios, o banco queria abordar os institucionais, como os fundos de investimento, que representam 60% do total dos detentores das 36 linhas de obrigações. Neste campo, a meta do Novo Banco é evitar alterar as condições oferecidas para não registar perdas adicionais.

 

O Novo Banco - que registou prejuízos de 290,3 milhões no primeiro semestre - poderia gastar 2.750 milhões de euros comprando todas as séries de títulos de dívida. Apesar disso, a poupança que teria por liquidar as obrigações permitiria a capitalização. 

A oferta de dívida, sendo bem-sucedida, levará à alienação de 75% do Novo Banco à Lone Star, ficando os restantes 25% nas mãos do Fundo de Resolução. Enquanto está nesse projecto, a instituição financeira segue a estratégia de venda de activos não estratégicos: a alienação de 90% do Banco Internacional de Cabo Verde aguarda autorizações; o processo de venda da GNB Seguros Vida já arrancou.

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