O crédito de 3,3 mil milhões de euros cedido pelo Banco Espírito Santo à filial em Angola foi transferido para o Novo Banco, confirmou o Banco de Portugal ao Negócios. Um valor que está totalmente coberto, garante a entidade reguladora liderada por Carlos Costa.

"Foi decidido, no contexto da medida de resolução, manter no BES [banco mau] a participação no BESA, mas transferir os créditos concedidos a esta filial para o Novo Banco, embora totalmente provisionados", indicou fonte oficial do banco em resposta ao Negócios esta terça-feira, 12 de Agosto. A medida de resolução diz respeito à divisão do BES em banco de transição, Novo Banco, e veículo financeiro com activos considerados problemáticos, determinada a 3 de Agosto. Nessa altura, não era certo em que entidade se encontrava o crédito ao BESA.

O Banco de Portugal assegura, agora, que os 3,3 mil milhões de euros de exposição ao BESA estão sob a instituição liderada por Vítor Bento e, além disso, completamente garantidos. Uma medida que mostra cautela e não a antecipação de qualquer incumprimento, segundo a equipa de Carlos Costa.

"A provisão total destes créditos constitui apenas uma medida de prudência e não reflecte, de forma alguma, uma ausência de expectativa de recuperação do crédito concedido", acrescentou ainda o regulador ao Negócios. O BESA beneficiava de uma garantia soberana, datada do final de Dezembro do ano passado, para cobrir o risco de crédito na ordem dos 5,7 mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros). O Diário Económico escreveu na segunda-feira que as autoridades angolanas não esperam pagar o crédito enquanto decorrer o saneamento do BESA - crédito agora no Novo Banco.

Contudo, ao contrário do empréstimo, que passa para o Novo Banco, a participação do BES no capital social da unidade angolana (em torno de 55%) permanece no BES, agora transformado em veículo com activos tóxicos.

A divulgação destas decisões mais de uma semana depois da resolução deveu-se ao facto de, apesar da "forte interacção" entre as autoridades de Portugal e de Angola (Banco Nacional de Angola), não ter sido possível chegar a um entendimento antes mesmo da aplicação da medida de resolução no BES por parte do Banco de Portugal.