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Bloco leva "entrega" do Novo Banco ao Parlamento na quarta-feira

O Bloco de Esquerda insiste que a nacionalização do Novo Banco seria a solução com menos custos a longo prazo e que vai tentar travar o negócio "ruinoso" do Governo com os norte-americanos do Lone Star.

Correio da Manhã
03 de Abril de 2017 às 11:15
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A coordenadora do Bloco de Esquerda anunciou que o partido levará a debate no Parlamento na próxima quarta-feira, 5 de Abril, o processo de passagem do Novo Banco para as mãos do Lone Star e defende que as explicações dadas pelo Governo sobre esta transacção não são suficientes, insistindo que a nacionalização da entidade seria a melhor solução a longo prazo. 

"Esta entrega ao Lone Star é um erro. Faremos tudo o que esteja ao nosso alcance para votar esta decisão. (...) O Parlamento deve votar esta decisão. (...) Ninguém compreende que não passe pelo Parlamento," afirmou Catarina Martins esta segunda-feira, 3 de Abril, em Matosinhos, no âmbito de uma visita a uma repartição de Finanças.

Em declarações transmitidas pela RTP3, Catarina Martins defendeu que, a prazo, a nacionalização do Novo Banco ficaria "mais barata" do que a "entrega ao Lone Star" aos norte-americanos. E que não vai desistir de tentar inverter a transacção.

"O Governo sabe disto desde o primeiro momento, que contava com o Bloco de Esquerda para pensar uma solução que teria custos no imediato mas menos no futuro. O Governo optou por outro caminho, mas o caminho ainda não está fechado, estaremos todos os dias a tentar que haja alguma sensatez," acrescentou. 


A dirigente bloquista, que contabiliza em 13 mil milhões de euros o valor injectado na banca desde o início da crise económica e financeira, questionou ainda a passagem para as mãos de estrangeiros (espanhóis, chineses, angolanos e agora norte-americanos) de parte do sector financeiro nacional.

"O Lone Star não vai pagar pelo banco e não vai devolver nenhum dinheiro dos contribuintes que foi posto aquando da resolução do BES. O Estado está sempre a pagar. Pagou no passado e vai continuar a pagar. (...) É um negócio ruinoso," disse.

"Como é possível um país em que os contribuintes já pagaram tanto pela banca e não termos uma banca controlada em Portugal. (…) Há cada vez menos sistema financeiro," concluiu. 

Na sexta-feira, 31 de Março, o Governo anunciou a passagem para as mãos do fundo norte-americano Lone Star de 75% do Novo Banco, mantendo os restantes 25% nas mãos do Fundo de Resolução. A solução definida pelo Executivo de António Costa passa por aquele fundo injectar de imediato 750 milhões de euros a que se juntarão mais 250 milhões de euros em três anos. Os obrigacionistas serão chamados, através de uma troca de dívida, a garantir um encaixe adicional de 500 milhões de euros.

Além disso, os lucros que o banco venha a obter a partir de 2019 - superiores a 100 milhões de euros nesse exercício, segundo apurou o Negócios - serão canalizados para reforçar a sua solidez. A transacção prevê também a existência de uma almofada de capital para absorver as perdas que possam ser geradas pelos activos problemáticos nas mãos da instituição. Neste âmbito o Fundo de Resolução poderá ter de injectar até 3.890 milhões de euros até meados de 2025 para repor os níveis da "almofada", cujo valor é superior a 500 milhões de euros.
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