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Lesados do papel comercial marcam protesto em frente à residência oficial do primeiro-ministro
A Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial marcou mais uma jornada de luta para sexta-feira, 5 de Junho. O protesto começa em frente à sede no Novo Banco, na Avenida da Liberdade. Os manifestantes seguem depois para a residência oficial do primeiro-ministro.
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Segundo um comunicado da AIECP (Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial), a demostração terá início por volta das 11h00/11h30 na sede do Novo Banco, na Avenida da Liberdade. Mais tarde, por volta das 14h00, os manifestantes vão mostrar o seu desagrado em frente à residência oficial do Primeiro-Ministro, no Palácio de S. Bento.
A associação que reúne os clientes lesados pelo BES adianta que vão rumar a Lisboa três autocarros com pessoas do norte e centro do país para se juntarem à manifestação. Em causa está o seu desagrado face à posição do Banco de Portugal sobre o reembolso dos valores perdidos por estes clientes.
A deliberação do Conselho de Administração do Bando de Portugal de 13 de Maio "excluiu da transferência para o Novo Banco as obrigações contraídas e as garantias prestadas pelo BES perante terceiros relativamente a qualquer tipo de responsabilidades de entidades do GES, com excepção das entidades cujas participações sociais que tenham sido transferidas para o Novo Banco", pode ler-se no documento.
A AIECP esclarece, em comunicado, que esta será "apenas a primeira manifestação contra o actual governo", comprometendo-se a continuar a exigir acções por parte dos governantes, que permitam resolver esta questão.
Nuno Lopes, representante da AIECP, confirmou, em declarações ao Negócios, que esta será a primeira vez que o grupo se vai manifestar em frente à residência oficial do primeiro-ministro. "Chocou-nos muito a nomeação do governador do Banco de Portugal", esclarece Nuno Lopes, referindo-se à recondução ao cargo de Carlos Costa, e salientando que, até ao momento, houve grande resistência na "partidarização" desta questão.
O representante da AIECP esclareceu ainda que a organização já fez chegar propostas de alteração da lei do regime bancário ao Bloco de Esquerda e ao PSD. Estas propostas visam três objectivos: que os contratos bancários sejam "não só aprovados pelo Banco de Portugal, mas também pelo Instituto de Defesa ao Consumidor", que exista uma separação "automática e imediata" entre os produtos de risco e os comissionamentos que incentivam a sua venda nos balcões, e, por fim, a implementação de uma formação ética e deontológica aos funcionários bancários, sujeita a uma prova final que distinga quem está apto para vender produtos de risco aos clientes.
"Mais do que tentar recuperar o valor perdido, é sobretudo garantir que não volte a acontecer", conclui Nuno Lopes.