No dia em que os detentores de papel comercial do Grupo Espírito Santo anunciaram uma acção de protesto para identificar os gestores que lhes venderam aquele produto, os trabalhadores do Novo Banco enviaram um comunicado a relembrar que são eles os "maiores lesados" e "os primeiros a serem enganados".

"Os trabalhadores do então BES, agora Novo Banco, foram as principais vítimas da derrocada da empresa onde trabalhavam", defende a recém-eleita comissão de trabalhadores da instituição. 

Lembrando que também os colaboradores do Novo Banco são accionistas e investidores do antigo BES, a comissão diz que não pode aceitar "que os maiores lesados – os trabalhadores – sejam vítimas de coacção moral e física" por parte dos membros da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial.

Estes lesados do Banco Espírito Santo, representados pela AIEPC, anunciaram esta quinta-feira, 28 de Maio, que irá aos balcões do Novo Banco e do Best, acompanhados por agentes de autoridade, para identificar os gestores que lhes venderam papel comercial de sociedades do Grupo Espírito Santo.

"Os trabalhadores agiram de boa-fé. Os trabalhadores foram os principais lesados e foram os primeiros a serem enganados", continua a nota divulgada, onde garantem que "pautam a sua intervenção pelas necessidades dos seus clientes".

"Repudiamos aqueles que de vítimas que fomos, nos querem transformar em algozes", assinala ainda a comissão de trabalhadores. 

Há 2.508 clientes do agora Novo Banco que têm 550 milhões de euros em papel comercial emitido pela ESI, Rioforte e ES Property, sociedades do Grupo Espírito Santo, e que ainda não foram reembolsados – nem sabem se vão saber. São eles que têm vindo a manifestar-se junto de agências do banco presidido por Eduardo Stock da Cunha.