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Aprovação da venda de papel comercial aos balcões escapou a crivo da gestão do BES

Ao contrário do que acontecia na colocação de obrigações no retalho, a venda de papel comercial do GES nos balcões não foi alvo de decisão por parte da comissão executiva do BES.

Miguel Baltazar/Negócios
22 de Dezembro de 2014 às 12:05
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O papel comercial da Espírito Santo International, sociedade de topo do Grupo Espírito Santo, foi colocado à venda nos balcões do Banco Espírito Santo sem que todas as 10 pessoas responsáveis pela gestão, a comissão executiva, desse a sua aprovação. Uma política contrária à definida para produtos idênticos, como obrigações.

 

"A aprovação deveria ter sido, do meu ponto de vista, mais aprofundada. Dada a sua natureza, deveria ter sido discutida em sede da comissão executiva, como acontecia em colocação de obrigações através de redes comerciais", comentou Joaquim Goes na sua intervenção inicial na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.

 

Apesar disso, a comercialização do papel comercial da ESI foi decidida a 13 de Setembro de 2013, sob proposta do departamento da gestão de poupança, tendo sido aprovado por um comité em que estava um conjunto de directores dos departamentos centrais e a "maior parte dos administradores executivos". Mas o órgão formal comissão executiva não deu o aval.

 

Além disso, Joaquim Goes também criticou o facto de, na altura, a proposta ter sido feita em "termos genéricos, sem explicitação dos montantes máximos". Um "aspecto da maior relevância para uma correcta avaliação", criticou.

 

Goes, administrador executivo do BES com o pelouro da gestão do risco, defende que os clientes que subscreveram, aos balcões, estes instrumentos tinham acesso a toda a informação. Contudo, sabe-se agora, as contas da ESI tinham 2,3 mil milhões de euros de dívida escondida. "O BES colocou papel comercial da ESI junto de clientes do retalho com base em contas que estavam materialmente incorrectas".

 

O papel comercial da ESI foi colocado junto de clientes de retalho quando o fundo Espírito Santo Liquidez, da gestora de fundos do BES Esaf, teve de reduzir a sua exposição ao ramo não financeiro do GES.

 

Neste momento, há investidores de papel comercial de sociedades do GES que ainda não receberam o reembolso do investimento. O Novo Banco, que se comprometeu depois da resolução a reembolsar estes produtos dado que foram vendidos aos balcões do BES, ainda se encontra a definir a forma de devolução/indemnização. 

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