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Joaquim Goes: BES não conhecia destinatários finais do crédito do BESA
O antigo administrador executivo do BES considera que nem os órgãos do BES Angola, nem o supervisor angolano e nem a auditora externa alertaram para problemas naquela instituição.
O Banco Espírito Santo em Portugal desconhecia quem eram os destinatários finais do crédito do banco em Angola, segundo afirmou o ex-administrador executivo do BES Joaquim Goes, em resposta ao deputado comunista Miguel Tiago, na audição da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.
"[O BESA era] um banco com total autonomia, um banco de direito angolano, com os seus próprios órgãos de decisão, para além do próprio conselho de administração e comissão executiva, estava também presente o departamento de risco de crédito, tinha obviamente uma estrutura. [Tinha uma] lógica que a nós nada nos levasse a inferir que houvesse qualquer irregularidade", declarou Joaquim Goes.
Além disso, acrescentou o ex-administrador, "existiam mecanismos de acompanhamento externos", como a auditora KPMG Angola. "Nenhum indício nos levava a considerar que estava sujeito a qualquer tipo de problemas pela supervisão do Banco Nacional de Angola".
Aliás, segundo Goes, nem os órgãos internos do BES nem a supervisão directa do regulador angolano nem a auditora KPMG – "em nenhuma das dimensões" – "houve evidência de problemas na carteira de crédito até meados de Setembro/Outubro de 2013".
O BESA concedeu créditos de 5,7 mil milhões de dólares a cujos beneficiários se perdeu rasto, razão que acabou por pesar na exposição que o BES teve ao banco, o que se terá sabido em Outubro de 2013.
Noutro aspecto, o BES tinha uma exposição superior a 3,3 mil milhões de euros ao BESA e, segundo explicou Joaquim Goes, essa exposição devia-se à vontade de "suportar o crescimento da sua actividade em Angola". Na sua audição, Álvaro Sobrinho negou que este dinheiro tivesse chegado ao BESA.