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Há responsabilidade no BES Angola para lá de Salgado e Sobrinho

Um nome ligado ao BES e ao BESA, João Moita, considera que há uma cadeia de responsabilidades que tem de ser assumida. Sobre o crédito concedido sem garantias por Angola, João Moita diz que o BES conhecia os números.

Bruno Simão
18 de Fevereiro de 2015 às 21:27
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Havia uma cadeia de responsabilidade entre o BES e o BES Angola (onde o banco português tinha 55,7%) que não se pode resumir a Ricardo Salgado e a Álvaro Sobrinho, segundo defende João Moita.

 

"Penso que o dr. Salgado acompanhava bem o que se passava em Angola. Assumo as responsabilidades que tive no BESA no departamento de risco. Mas não estou disponível para aceitar a responsabilidade dos outros. Não estou disponível para assumir as responsabilidades que outras pessoas não querem assumir", afirmou na comissão de inquérito João Moita, director do risco do BES até 2011, ano em que foi convidado por Sobrinho para o BESA. Moita tinha estado já no inquérito ao lado do banqueiro angolano - mas os deputados quiseram ouvi-lo sozinho.

 

Segundo o antigo responsável do banco, "tem transparecido algum aligeirar de responsabilidades de muita gente, nomeadamente ao nível das administrações". Nas audições dos administradores do BES e da família Espírito Santo, muitas são as vozes que dizem que o assunto Angola era tratado em exclusivo por Ricardo Salgado e Álvaro Sobrinho.

 

João Moita sublinhou perante os deputados que o BESA apenas foi responsável por um terço dos ajustamentos do Novo Banco, juntando os resultados do primeiro semestre de 2014 do BES e a medida de resolução ao banco aplicada a 3 de Agosto pelo Banco de Portugal. O Novo Banco recebeu uma capitalização de 4,9 mil milhões de euros. A linha de financiamento ao BESA era de 3,3 mil milhões. "Há dois momentos de ajustamento, a apresentação de contas e a resolução. Este ajustamento dá origem ao problema do BES. A parte do BESA corresponde a um terço", vincou o responsável.

 

Daí que tenha deixado a ideia de que o peso de Angola na resolução era "limitado". Neste campo, o responsável alinhou com o que foi dito por Sobrinho, quando este disse que o BESA "claramente não" foi decisivo para a queda do BES.

 

Nas suas declarações aos deputados, João Moita defendeu que a percentagem de crédito sem cobertura no BESA não era distinta da que ocorria nos restantes bancos angolanos. "Por vezes dávamos crédito em que a garantia não cobria a totalidade do crédito. Para a realidade com que trabalhamos não é muita [a percentagem]. A minha sensibilidade é que não é muito diferente de outros bancos em Angola", frisou.

 

"A percentagem que reportámos em 2011 era de 41%", disse o responsável na comissão de inquérito. De acordo com Moita, o BES teve acesso a esta informação através de um relatório enviado em 2011. 

 

A equipa sucessora, liderada por Rui Guerra, defendeu ter encontrado o banco, após a saída de Sobrinho em 2013, numa "situação muito difícil".

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