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Vinhos portugueses voltam a "encher o copo" nas exportações

As vendas ao exterior subiram 7,5% e ascenderam a 778 milhões de euros em 2017, valendo um novo recorde ao sector depois do recuo no ano anterior. Franceses, ingleses e americanos continuam a ser os maiores apreciadores.

Ricardo Meireles/Sábado
22 de Fevereiro de 2018 às 16:12
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As empresas de vinhos exportaram um total de 777,9 milhões de euros em 2017, num total de quase três milhões de hectolitros, retomando assim a trajectória de crescimento nas vendas ao exterior que tinha sido interrompida no ano anterior. Em 2016, as exportações de vinho português tinham caído 1,6%, naquele que foi o primeiro recuo nesta década.

 

Segundo os dados publicados pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), presidido por Frederico Falcão, o sector registou um aumento homólogo de 7,5% tanto em quantidade como em valor, uma vez que o preço médio por litro se manteve nos 2,61 euros. Isto apesar de essa quantia paga ter caído nos cinco principais mercados externos.

 

Os franceses continuam a ser os melhores clientes estrangeiros, com uma quota de 14% apesar de um ligeiro recuo (-0,5%), enquanto os efeitos do Brexit parece que não se fizeram sentir em 2017, tendo as empresas facturado lá mais 7,1%. Igual peso (10%) tem o mercado norte-americano depois de ter aumentado as compras em 5,6%, seguido da Alemanha, onde o crescimento ascendeu aos 8% e fixou uma fatia de 6% no total do negócio fora de portas.

 

Em termos percentuais, porém, as subidas mais expressivas foram registadas em Angola (40%) e no Brasil (53%), que ocupam agora a 7.ª e a 8.ª posição no ranking, respectivamente. Apesar de neste registo estar patente uma correcção das quebras verificadas no ano anterior – só o angolano tinha afundado 54% no pico da crise interna em 2016 –, estes mercados lusófonos superaram no último exercício o Canadá e a Suíça, os países que fecham o top 10.

 

A força do Porto e as coroas em caixa

 

Apesar de ter disparado a quantidade de garrafas de vinho português compradas, o mercado de Angola volta a estar em destaque na análise ao preço médio, que naquele país foi 11,5% inferior ao do ano anterior. E não há quem valorize mais os vinhos portugueses do que os dinamarqueses: são agora 5,35 euros por litro, após uma subida de 12% em 2017. Entre os principais mercados, mesmo tendo baixado 2% no ano passado, salientam-se os 3,92 euros por litro pagos pelos consumidores americanos.

 

Em termos de categorias, o vinho do Porto continua a ser o principal baluarte dos vinhos portugueses no estrangeiro. O peso relativo nas exportações nacionais caiu quase três pontos percentuais, mas ainda responde por 40,1% das vendas totais. Em 2017, as empresas que produzem este vinho de características únicas a nível mundial venderam menos caixas (-0,9%), mas 1,2% mais caras, o equivalente a 4,84 euros por litro, progredindo ligeiramente para um total de 312,2 milhões de euros.

 

Finalmente, as importações de vinhos dispararam 21,6% em 2017, para 133,8 milhões de euros. Na última década, a compra de vinhos ao exterior aumentou em seis anos e baixou em quatro anos, face aos exercícios anteriores. Fazendo as contas, depois de baixar quase 1% em 2016, o saldo da balança comercial continua amplamente positivo e até saiu reforçado em 5% no final do ano passado, totalizando 644 milhões de euros.

Vinho do Porto: mercado interno "rouba" topo francês

Portugal ascendeu ao primeiro lugar do ranking de vendas de vinho do Porto em 2017, com as vendas no mercado interno a subirem 6% em valor e 0,2% em quantidade, compensando assim as descidas em alguns mercados de exportação. É o caso de França, que detinha historicamente o título de principal mercado, embora comprasse sobretudo volume. Reino Unido, Holanda, EUA, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Canadá e Espanha completam a lista dos melhores clientes. O consumo no mercado português, onde o preço médio por litro subiu 5,8%, para 5,81 euros, beneficiou sobretudo da actividade turística no país. Ainda nesta região, os vinhos do Douro registaram um novo recorde de vendas globais, de 157,3 milhões de euros, após um crescimento de 10,7%. Na última década, as vendas destes vinhos tranquilos mais do que duplicaram em Portugal e triplicaram no estrangeiro. Já os 10,8 milhões de euros de moscatel do Douro continuaram em 2017 a ser vendidos sobretudo no mercado português (quota de 93%) e nos "mercados da saudade" do Luxemburgo e da Suíça.

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