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Calor e seca não prejudicam maçã e vinho mas trazem castanhas "de menor calibre"

As previsões agrícolas do INE estimam que apesar do calor e da seca registados em 2017, as produções de maçã, amêndoa vinho e azeite não foram afectadas. Já a produção de castanhas e arroz é prejudicada pela seca.

20 de Novembro de 2017 às 12:42
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O calor e a seca que fizeram de Outubro um mês "extremamente seco e excepcionalmente quente", o mais quente dos últimos 87 anos a exemplo do que já havia sucedido com o mês de Setembro, prejudicaram a produção de castanha e arroz mas não impactaram negativamente a produção de frutos e vinho.

O relatório divulgado esta segunda-feira, 20 de Novembro, em que o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) faz as mais recentes previsões agrícolas, mostra que houve várias culturas que não foram prejudicadas pelos efeitos climatéricos adversos. Em resumo, em 2017 registam-se aumentos em comparação com o período homólogo na produção de maçã (+25%), pêra (+20%), milho e tomate (+5%), amêndoa (+255%) e vinho (+10%).

Apesar da seca, a produção de frutos está a ter um bom ano. Além da maior produção de sempre de kiwi, a produção de maçã e pêra não foi afectada pela falta de precipitação, uma vez que, por exemplo, quatro quintos da área de produção de maçã é regada, diz o INE.

A apanha de maçã que decorreu essencialmente em Agosto e Setembro deverá levar a um aumento de produção para as 300 mil toneladas, o que corresponde a um aumento de 25% face ao ano passado. O granizo que caiu em Julho e finais de Agosto fez com que, em especial nos pomares situados no Norte do país, parte da produção fosse desviada para a indústria.

Já a produção de pêra (pêra Rocha é a variedade predominante) deve aumentar 20% comparativamente com a última campanha, atingindo "valores próximos da média do quinquénio", embora muito abaixo dos níveis registados em 2013 e 2014, salienta o INE.

O aumento de produtividade nas produções de kiwi face a 2016 bem como a entrada em plena produção de plantações mais recentes, fazem com que este fruto registe a maior produção de sempre, superando pela primeira vez as 30 mil toneladas.

Também a colheita de tomate, que terminou na primeira semana do mês passado, não foi penalizada com a produção a crescer 5% relativamente ao ano passado para os 1,68 milhões de toneladas, o que se verificou apesar dos "fortes ataques de mosca branca e de ácaros" ocorridos na fase final da campanha.

O INE antecipa ainda um "bom ano vinícola", também proporcionado pelo facto de as vindimas terem decorrido com tempo seco, "condição fundamental para a obtenção de vinhos de qualidade".

Apesar de a falta de humidade e das elevadas temperaturas terem provocado "algum engelhamento nos bagos", o "elevado número de cachos e de bagos por cacho" e a reduzida incidência das principais doenças que afectam esta produção, verificou-se um aumento de 10% na produção de vinho comparativamente com o período homólogo.

Já a produção média de azeite aproximou-se da média dos últimos cinco anos, devendo subir ligeiros 1%.

Enquanto a produção de milho beneficiou dos "dias quentes e secos" para garantir um crescimento de 5%, a produção de amêndoa deverá superar as 20 mil toneladas, mais 255% do que em 2016, no que representa uma "situação inédita neste século".

 

Castanha e arroz afectados por calor e seca

Pelo contrário, o clima prejudicou bastante a cultura da castanha, sendo 2017 um ano com "menos castanha e de qualidade inferior" .

"Os castanheiros instalados em solos com menor capacidade de retenção de água apresentam sinais de grande stress hídrico, com situações extremas de morte de árvores. A castanha mais temporã, que já foi colhida, apresentou calibres reduzidos e miolo desidratado, com fraco poder de conservação e por vezes bichado.

Apesar de ainda existirem muitos ouriços que não abriram, estima-se que o número de frutos que completem o desenvolvimento normal seja inferior ao habitual", explica o INE que assim nota que se estima uma "redução de 15% da produção face à campanha anterior".

Também o arroz foi fortemente prejudicado pela seca, uma vez que "a falta de água disponível na bacia hidrográfica do Sado", o que levou à diminuição da área semeada, contribuindo para uma quebra de 10% na produção face à média do período compreendido entre 2012 e 2016.

 

O INE lembra ainda que "a falta de chuva continua a atrasar o início de ciclo das pastagens de sequeiro, que apresentam reduzida disponibilidade forrageira, registando-se um aumento significativo da suplementação dos efectivos pecuários".

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