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Quinta de la Rosa investe na produção de cerveja no Douro
A produtora de vinhos vai lançar três variedades de cerveja artesanal (IPA, Lager e Stout), que produz numa adega em Sabrosa. O enólogo cria lotes, usa o laboratório vínico para análises e as cervejas estagiam em barricas e até levam Porto Vintage.
Todos os anos, o "mestre cervejeiro" britânico Richard Naisbey vem ao Porto para jogar cricket e sobe depois ao Pinhão para descansar alguns dias na Quinta de la Rosa. Numa dessas estadas no Douro, o especialista da Milton Brewery (Cambridge) falou com a co-proprietária desta conhecida quinta duriense e a ideia de produzir cervejas artesanais "começou a ganhar forma".
"Há alguns produtores de espumante em Inglaterra que estão a fazer vinho e cerveja. Pensei que poderíamos usar as cubas de inox, onde fermentamos os nossos vinhos, para produzir cerveja", relata ao Negócios a gestora Sophia Bergqvist. Depois de uma experiência caseira no ano passado, a empresa prepara agora o lançamento de três variedades de cerveja com a marca La Rosa (uma IPA, uma Lager e uma Stout), que está a produzir na adega que tem em Sabrosa.
Para trás ficou a ideia de fazer uma Douro Pale Ale, com "um carácter diferente e assumidamente" desta região demarcada de vinhos, uma vez que não pode usar o nome Douro. Ainda assim, a ligação ao vinho está bem presente no processo. O enólogo Jorge Moreira "aporta à cerveja a sua experiência na criação de lotes", as análises das cervejas são feitas no "laboratório vínico" da quinta, a IPA "envelhece" nas barricas de carvalho onde antes estagiou o vinho La Rosa Reserva branco e a Stout vai ser feita com o Porto Vintage da empresa.
Com a distribuição nacional a cargo da DCN Beers – com mais de 20 anos no mercado, trabalha com várias marcas portuguesas e importa cervejas belgas e alemãs –, este ano já produziu dois mil litros de cerveja La Rosa, "um produto bem mais fácil de produzir do que o vinho". "Podemos ir fazendo à medida das necessidades e não apenas uma vez por ano. Já investimos em mais equipamento, comprámos inclusivamente uma máquina de engarrafar mais profissional. Percebemos que esta é uma fase preponderante no sucesso do produto final, pelo que temos que dominar o processo", completou Sophia Bergqvist.
Como estão a resolver a falta de conhecimento na produção de cerveja? "Agora já temos bem mais do que quando começámos a incubar esta ideia. Temos a consultoria do Richard Naisbey, com quem o Jorge [Moreira] e o Kit [Weaver, filho de Sophia] fizeram formação. O meu filho estagiou com ele em Cambridge, o Jorge foi lá várias vezes e o Richard veio cá acompanhar as primeiras produções", respondeu a empresária de origem britânica, que tem uma participação maioritária na empresa (dois terços do capital) e o irmão Philip Bergqvist como sócio.
Detida desde 1906 pela família Bergqvist, a sociedade da Quinta de la Rosa, propriedade com 55 hectares situada a um quilómetro da vila do Pinhão, registou uma facturação global próxima de 3,5 milhões de euros em 2017. Além de vinho (cerca de 300 mil garrafas anuais de Porto e Douro), azeite, vinagre e cervejas artesanais, tem um restaurante na quinta (o Cozinha da Clara, aberto em Maio do ano passado) e uma unidade de enoturismo com cerca de 25 quartos, incluindo em duas casas independentes, sendo que ainda este ano esta estrutura de alojamento vai ganhar mais três quartos.
O mercado português absorve perto de 26% da produção de vinhos, de acordo com os dados do negócio partilhados por Sophia Bergqvist, que esta quinta-feira, 5 de Abril, apresenta as cervejas artesanais num evento no Porto. A maior fatia das receitas é gerada no estrangeiro, com Inglaterra, Estados Unidos da América, Canadá e Suíça a encabeçarem a lista de principais mercados externos para a Quinta de la Rosa.