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Vitor Bento: proibir o eucalipto afectará o crescimento do país

O eucalipto pode ter externalidades ambientais negativas, mas elas são compensadas pelas vantagens económicas que ele traz. Se a cultura da espécie for proibida, levará ao empobrecimento do país, diz Vitor Bento num artigo no Diário de Notícias, onde sublinha que é consultor da Semapa.

Negócios 30 de Junho de 2017 às 10:09
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O mal ambiental que o eucalipto pode fazer é compensado pelo bem que ele gera. Por isso, se o Governo avançar com medidas "idealistas" ou "ideológicas", proibindo a plantação do eucalipto, isso conduzirá a uma diminuição do bem-estar social e ao empobrecimento do País. A opinião é de Vitor Bento, num artigo escrito no Diário de Notícias onde faz uma análise ao custo-benefício desta espécie.

 

Segundo o economista que, por razões de transparência, adiciona uma nota sobre o seu potencial conflito de interesses na matéria, já que é consultor do grupo Semapa, é preciso que o legislador leve em consideração as implicações económicas das suas propostas.

E, no caso da floresta, o problema é simples de perceber. Se o Estado fosse o dono da floresta – "desviando verbas de outros sectores, muito provavelmente sociais" – então poderia fazer o que bem entendesse. Mas, como a floresta está entregue a privados, "estes só farão o que lhes for economicamente conveniente". Sem este incentivo económico, "a reforma acabará, pura e simplesmente, no alastramento da área dos matos e pastagens".

Bento diz não saber o suficiente do assunto na perspectiva ambiental para falar sobre as consequências do eucalipto. Mas percebe de economia. E as regras económicas dizem que, o facto de existirem externalidades negativas da plantação desta espécie não é suficiente para a proibir – "porque a vida não funciona a preto e branco, é feita de compromissos".

Na análise do economista, a plantação de eucaliptos "não é um mal absoluto e irreparável", e acaba por ser compensado pelo bem social que permite reparar. "O eucalipto tem ganho terreno porque alimenta uma importante indústria transformadora, a da produção de papel e pasta para papel, que, exportando 60% da produção tem um dos mais elevados contributos líquidos para a balança comercial". Ora, se o sector vir diminuído o acesso à matéria-prima, tal "terá como consequência um aumento das importações e, eventualmente, uma perda de competitividade da usa produção, afectando adversamente as exportações e o PIB".

Por tudo isto, a conclusão de Vítor Bento é que "proibir a cultura do eucalipto resultará  numa perda de bem-estar social – empobrecimento".  

 

A expansão da área de plantação do eucalipto tem estado no centro do debate sobre a reforma das florestas, um debate que foi reavivado com os incêndios em Pedrógão. A proposta do Governo vai no sentido de não permitir a expansão da área de eucaliptal – há dias o ministro Capoula Santos afirmou que  "não haverá mais um único hectare de eucalipto em Portugal" – mas a proposta desagrada à esquerda como à direita.

PCP e Bloco querem que o Governo vá mais longe, dado o elevado potencial de combustão da espécie, ao passo que a direita, que na anterior legislatura praticamente liberalizou a sua produção, está contra restrições. Do lado dos produtores (o Negócios pertence ao grupo Cofina, que partilha o seu núcleo accionista com a Altri), reclama-se mais área de plantação. 



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