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Passos rejeita demitir-se mesmo que o PSD tenha mau resultado nas autárquicas

Em entrevista à SIC, o presidente do PSD garantiu que independentemente do resultado do partido nas eleições autárquicas não irá demitir-se. Passos Coelho, mesmo assim, tem como objectivo ganhar as eleições.

Paulo Duarte
06 de Abril de 2017 às 21:23
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A menos de seis meses das eleições autárquicas, agendadas para 1 de Outubro, Pedro Passos Coelho assegura que mesmo que o PSD tenha um mau resultado não se demitirá da liderança do partido. Em entrevista concedida à SIC esta quinta-feira, 6 de Abril, o presidente social-democrata sustentou que as autárquicas são eleições que "têm um significado local e não nacional", pelo que Passos rejeita lançar "instabilidade dentro do partido" a propósito desse próximo acto eleitoral.

"Ninguém esperará que eu invoque o resultado das autárquicas para abandonar o PSD", atirou Passos Coelho, recusando fazer o que lembrou já ter sido feito por outros líderes, provavelmente aludindo ao "pântano" que levou à demissão do então primeiro-ministro António Guterres após um mau resultado do PS nas autárquicas de 2001. "Eu não me demitiria por um mau resultado autárquico", reiterou.

Ainda assim, o ex-primeiro-ministro afiança que "o objectivo é ter o maior número de mandatos quer em autarquias, quer em freguesias" e recusa liminarmente a ideia de que "à partida se diga que o PSD vai perder estas eleições". O ponto de partida são as autárquicas de 2013, em que o PS conseguiu o melhor resultado de sempre do partido ao vencer em 150 municípios, enquanto o PSD não foi além de 106 autarquias, 20 em coligação. 

 

Relativamente à escolha da vice-presidente do partido, Teresa Leal Coelho, como candidata à câmara de Lisboa – decisão que motivou várias críticas internas, desde logo da direcção da concelhia da capital – Passos disse ter "confiança que ela vai fazer um bom resultado e possa ganhar a eleição", embora considere que "se não ganhar, não será uma tragédia para o PSD".

 

E sobre a hipótese de um mau resultado autárquico servir de mote a Rui Rio, apontado como hipotético sucessor de Passos na liderança social-democrata, o presidente do PSD assevera não ter "nenhum receio" e estar "muito tranquilo" com a sua liderança. 

Marcelo Rebelo de Sousa não passou totalmente incólume. Garantindo não considerar "estranho" que o Presidente da República venha a terreno elogiar a actuação do Governo socialista, Passos Coelho lamentou que Marcelo não tenha também defendido "
a independência do Conselho de Finanças Públicas e, em particular, a idoneidade da sua presidente, Teodora Cardoso, quando foi atacada pelos partidos da maioria, pelo Governo e pelo próprio primeiro-ministro".

Passos Coelho quer reformas estruturais

O início da entrevista à estação de Carnaxide começou com uma pequena provocação a Passos Coelho, com os jornalistas a confrontarem o líder do PSD com a afirmação feita há cerca de um ano, quando disse que "passaria a defender o voto no PS, Bloco de Esquerda e PCP" se a estratégia orçamental do Executivo chefiado por António Costa resultasse. 

Depois do défice de 2,1% do PIB em 2016, com dados positivos sobre emprego, investimento e crescimento, surgiu como inevitável a pergunta sobre se de facto as coisas estão, ou não, a correr bem ao actual Governo. "Parece que sim", começou por dizer Passos Coelho antes de explicitar que as coisas afinal não estão assim tão bem. 

"Praticamente perdemos um ano na recuperação económica que vinha sendo travada desde 2013 e, mais expressivamente, desde 2014", frisou o agora deputado para quem "os indicadores não desmentem": "crescemos [em 2016] menos do que em 2015", atirou lembrando que enquanto "outros países aceleraram o crescimento, nós desacelerámos". Passos insistiu no argumento de que no ano passado a economia nacional teve uma "desaceleração da recuperação" verificada em 2015, ano em que PSD e CDS estavam ainda no Governo. 

Defendendo que a questão não reside em saber se estava ou não enganado, Passos Coelho fez questão de frisar que os resultados alcançados pelo Governo do PS aconteceram porque "mudou de estratégia", retomando a ideia do recurso a um plano B nunca assumido.

"Começou com uma estratégia orçamental e acabou com outra (...) com a adopção de um plano B" assente em medidas extraordinárias e de efeito dificilmente repetível, disse. Acrescentando que o Conselho de Finanças Públicas, a UTAO e o Banco de Portugal "disseram que o Governo mudou de estratégia". Porém, a mudança de estratégia não é encarada por Passos como negativa, porque "isso não significa que não seja bom atingir um défice de 2,1%". 


Já quanto à hipótese de um novo resgate, possibilidade que o próprio disse publicamente temer tendo em conta o rumo seguido pelo Executivo do PS apoiado por acordos parlamentares com PCP, BE e Verdes, Passos notou que "
já fui primeiro-ministro e não faço afirmações que possam causar qualquer pânico ou instabilidade". 

Seja como for, Passos Coelho mostra-se satisfeito com o facto de "não estarmos como a Grécia", realidade pela qual "todos fizemos muito". Mas, apesar desta mensagem mais positiva, o líder do PSD avisa que "não podemos estar na situação em que estamos". Porque em vez de "gerir a conjuntura", aquilo que Portugal precisa é de um Governo capaz de "executar um programa ambicioso de reformas estruturais".

(Notícia actualizada pela última vez às 21:57)
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