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Passos é o quarto líder partidário a cair vítima de maus resultados autárquicos

Depois de Freitas do Amaral e Manuel Monteiro - ambos no CDS - e António Guterres, do PS, o agora presidente a prazo do PSD é o quarto líder partidário nacional a cair na sequência de maus resultados em eleições autárquicas.

03 de Outubro de 2017 às 19:37
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Pedro Passos Coelho é o quarto líder político nacional a cair na sequência de maus resultados em eleições autárquicas. Embora Passos não se tenha demitido da liderança do PSD - apenas anunciou que não vai recandidatar-se à presidência laranja -, o efeito acaba por ser semelhante.

É que a decisão de Passos Coelho não se recandidatar à presidência do PSD não é alheia ao resultado alcançado pelo partido nas autárquicas do passado domingo, por sinal o pior de sempre em eleições locais. Ao qual se seguiram quase imediatos pedidos de afastamento, desde logo e ainda na noite de domingo por parte da ex-líder Manuela Ferreira Leite.

Se em 2013 as 106 autarquias conquistadas pelo PSD (sozinho e em coligação) foram já vistas como um mau resultado, as 98 câmaras agora pintadas de laranja dificilmente poderiam deixar de ser vistas como uma hecatombe autárquica por um partido habituado a forte implementação ao nível do poder local.

Mas se Passos não é o primeiro líder a cair depois de maus resultados autárquicos, é o primeiro a fazê-lo sem apresentar a demissão. A explicá-lo estarão duas circunstâncias.

A primeira é que o PSD tem eleições directas previstas para o final de Janeiro ou início de Fevereiro do próximo ano, pelo que a permanência do ex-primeiro-ministro na São Caetano à Lapa pode proporcionar uma melhor transição de poder. 

Como segunda explicação surge a fidelidade à garantia dada, em Abril deste ano, pelo próprio Passos que, em entrevista à SIC, colocava de parte pedir a demissão mesmo que o PSD obtivesse um mau resultado nas eleições de 1 de Outubro.

 

"Eu não me demitiria por um mau resultado autárquico", afiançou Passos Coelho que aproveitou a ocasião para recordar que não faria o mesmo que outros líderes fizeram no passado, numa provável referência a António Guterres que, em 2001, apresentou a demissão depois de o PS ter sofrido uma pesada derrota nas eleições locais realizadas em Dezembro desse ano.

 

Com o PS a passar de 128 câmaras (2007) para apenas 113 (2001), contando-se Lisboa e Porto entre as perdas, Guterres invocou nessa ocasião a necessidade de "evitar o pântano político" para se demitir do Governo, primeiro, e logo depois do partido. Esta demissão não pode ser, contudo, dissociada das legislativas de 1999, em que o PS de Guterres ficou à beira da maioria absoluta (115 deputados do PS e 115 da oposição) e dependente do "voto limiano" para aprovar orçamentos.

 

Dois líderes centristas também se demitiram após autárquicas

 

Mas as autárquicas fizeram outras "vítimas" antes de Guterres e Passos. Em 1997, a perda cinco autarquias pelo CDS culminou com a demissão de Manuel Monteiro da liderança centrista. Nas autárquicas de Dezembro o CDS vence em apenas oito câmaras e fica-se por 5% dos votos em termos nacionais. O mau resultado foi a explicação dada por Monteiro para se demitir de um CDS cada vez mais dividido e com Paulo Portas à espreita da liderança.

 

No início dos anos 1980, mais precisamente em 1982, o mau resultado da direita nas autárquicas ditou uma dupla demissão de Freitas do Amaral. O "desaire" eleitoral do CDS, nas palavras do fundador do partido, levou Freitas a tomar uma decisão que o tempo não confirmou, pelo menos no médio-longo prazo: "Abandono a política".

 

Então número dois do governo da AD chefiado por Pinto Balsemão e ministro da Defesa, a demissão de Freitas acabou por também forçar o afastamento do fundador da Impresa e a consequente queda do VII Governo Constitucional, em 4 de Fevereiro de 1983.

 

Assim, além das demissões de líderes partidários constata-se que as eleições locais já implicaram também leituras e consequências nacionais com a queda de dois governos, o de Guterres, em 2002, e o de Balsemão, em 1982.

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