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Passos afasta-se porque nova liderança tem "melhores possibilidades de sucesso"
O ex-primeiro-ministro lembrou que "gosto de assumir responsabilidades" e sustentou que a sua permanência como presidente do PSD não permitira ao partido afirmar uma nova liderança que Passos considera que terá "melhores possibilidades de progressão e de sucesso do que uma que eu pudesse encabeçar”.
Pedro Passos Coelho foi ao Conselho Nacional social-democrata explicar que decidiu não se recandidatar à liderança do PSD porque considera que uma nova liderança terá mais condições de sucesso. O ex-primeiro-ministro recusou, contudo, calar-se daqui para a frente mas deixou garantias de "lealdade" a seja quem for que o substitua na liderança do partido.
Depois de recordar que "gosto de assumir responsabilidades", Passos Coelho explicou não ter apresentado a demissão para não deixar o partido "em gestão", notando que em Abril dissera que não se demitiria mesmo com um mau resultado nas eleições locais.
E se Santana Lopes, quando deixou a liderança do partido já depois de ter sido "apeado" de primeiro-ministro, disse que iria "andar por aí", Passos Coelho prefere afiançar que "não ficarei cá a rondar" e promete "lealdade" ao seu sucessor na presidência do PSD.
Na parte da intervenção em que justificou a decisão de se afastar, Passos notou que as eleições autárquicas implicam uma leitura nacional. "As eleições têm sempre leitura e significado nacional", sustentou que o "mau resultado" registado pelos social-democratas "também responsabiliza e penaliza a liderança nacional".
De seguida defendeu que não se recandidata por considerar que as actuais "circunstâncias políticas" são favoráveis à "afirmação de uma nova liderança no PSD" e concluiu dizendo que uma nova direcção tem "melhores possibilidades de progressão e de sucesso" do que uma solução "que eu pudesse encabeçar".
Mesmo reconhecendo que "teria argumentos para disputar a liderança interna" nas directas previstas para o início do ano - Passos mostrou-se disponível para antecipar as eleições internas para Dezembro - o ainda presidente do PSD referiu que tal possibilidade não permitiria superar aquele que identifica como "o principal problema" do partido:
"Se eu permanecesse vitorioso à frente do PSD, em vez de estar a construir uma alternativa de governo, estaria em permanência a combater o preconceito e a ideia feita de que estava agarrado ao poder do partido e a resistir ceder o lugar a quem tem melhores ideias e melhores estratégias para levar o partido a melhor porto."
"Resultado pesado" para o PSD mas outros "foram varridos"
O líder social-democrata gastou boa parte da mensagem dirigida ao Conselho Nacional mas também aos portugueses para tratar os resultados eleitorais obtidos pelo PSD no domingo.
Quis começar por "confessar a surpresa com o resultado das eleições", admitindo que ter sido um desfecho que "esperasse". Todavia, Passos quis frisar que, dois dias depois das eleições, é já possível dizer que, afinal, o resultado do PSD não foi "tão pesado como se pintou".
"Creio que o resultado foi pesado e isso é ineludível", reconheceu lembrando ser apenas comparável em presidências de câmara com as autárquicas de 1982 que, um ano depois, culminaram com a queda do Governo da AD.
No entanto, Passos não se deixa ficar sozinho no lado dos derrotados, uma vez que "pode dizer-se que outros tiveram um pior resultado do que nós, que praticamente foram varridos". Falava claramente da CDU (PCP e Verdes) mas para que não restassem dúvidas, o presidente do PSD ironizou afirmando que "o PCP perdeu muito mas acha que há outras coisas que compensam essas perdas".
(Notícia actualizada às 22:15)