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PSD conta com Rio ao lado de Passos no apoio ao candidato à Câmara do Porto
O economista Álvaro Almeida apresenta a candidatura no próximo sábado, sendo "esperada a presença" do ex-autarca, que em 2013 não apoiou Menezes e que a partir de Outubro pode avançar para a liderança do partido.
A concelhia do PSD no Porto espera que a apresentação de Álvaro Almeida como candidato às eleições autárquicas, agendada para o próximo sábado, 8 de Abril, seja "um sinal da grande unidade que este independente conseguiu gerar dentro do PSD, esbatendo as diferenças opinião que nos últimos anos têm afectado a vida do partido" na cidade Invicta.
A dois dias da sessão, marcada para a Fundação Eng. António de Almeida, a estrutura liderada por Miguel Seabra referiu em comunicado a "esperada presença" de Rui Rio ao lado do presidente do partido, Pedro Passos Coelho. O ex-presidente da autarquia portuense, que nas últimas eleições não seguiu o candidato oficial, Luís Filipe Menezes, tem sido apontado como provável candidato à liderança dos social-democratas depois da votação de 1 de Outubro.
Numa entrevista ao DN, em Novembro do ano passado, Rui Rio mostrou-se disponível para disputar a presidência do PSD no congresso previsto para o primeiro trimestre de 2018, caso "até lá o partido não [consiga] descolar" nas sondagens. O resultado das autárquicas, em que Passos já colocou como fasquia obter o maior número de mandatos nas câmaras e juntas de freguesia, pode ser decisivo para o surgimento de alternativas.
Um mês depois destas declarações, uma sondagem da Aximage para o Negócios e para o CM mostrou que 60% dos portugueses considera que Rui Rio é o melhor líder para o PSD, com o ex-primeiro-ministro a recolher a preferência de apenas 16,5% dos inquiridos. No entanto, junto do eleitorado social-democrata a vantagem do político nortenho estreita-se para três pontos percentuais.
Desconhecido com currículo
Além do antecessor de Rui Moreira, Álvaro Almeida, um economista de 52 anos que entra na corrida como independente com o apoio de uma coligação entre PSD e PPM, deverá contar com o apoio público do fundador do partido, Amândio de Azevedo, do eurodeputado Paulo Rangel, de Pedro Duarte, que dirigiu a campanha eleitoral de Marcelo a Belém, do actual n.º 2 do partido, Marco António Costa, e do ex-ministro da Defesa, José Pedro Aguiar Branco, que há quatro anos apoiou o derrotado Menezes.
Estas presenças são descritas como "sinal inequívoco da convergência criada à volta" de Álvaro Almeida, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, onde se licenciou, e também da Porto Business School. Entre 2005 e 2010 foi presidente da Entidade Reguladora da Saúde e no início de 2015 foi nomeado pelo então ministro da Saúde e actual presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, para liderar a Administração Regional de Saúde do Norte, cargo a que renunciou há pouco mais de um ano.
O irmão do presidente executivo da NOS, Miguel Almeida, é uma figura pouco conhecida na cidade, apesar de aqui ter vivido toda a vida, à excepção dos três anos em que foi investigador no Reino Unido – doutorou-se na London School of Economics – e do período entre 1997 e 2000 em que trabalhou no Policy Development and Review Department do Fundo Monetário Internacional, em Washington. Sem militância no PSD, tem como mandatário o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, que chegou a ser equacionado para o lugar.
Trio na estrada contra a "salganhada"
Álvaro Almeida irá enfrentar outro independente, o favorito Rui Moreira, que, depois de quatro anos no cargo, tenta a reeleição com o apoio repetido do CDS-PP e também do PS, que acabou por integrar o actual executivo municipal e que abdicou de apresentar um candidato próprio à segunda autarquia mais importante do país. Ilda Figueiredo volta a ser a candidata da CDU e o ex-coordenador do partido, João Semedo, avança pelo Bloco de Esquerda.
Em declarações publicadas esta semana pela Visão, o líder da concelhia laranja avisou que "se pensam que estas eleições vão ser um passeio para o actual presidente, desenganem-se", sustentando que "o Porto está bom para os turistas e para quem cá vem beber uns copos" e criticando a "salgalhada" da coligação de apoios a Rui Moreira.
"Há muitos militantes do partido que votaram Rui Moreira que se sentem enganados e voltaram agora para apoiar o PSD a 200%. (…) Se, ao fim de quase quatro anos, as críticas já fizeram estalar o verniz ao presidente, revelar a sua arrogância e má criação, o que não se verá nos próximos anos se ele for reeleito", conjecturou Miguel Seabra.