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Partidos disponíveis para o consenso, pelo menos nas palavras

Todos responderam à chamada de Marcelo Rebelo de Sousa, que na intervenção do 25 de Abril pediu consensos de regime. Mas os caminhos para lá chegar devem continuar a ser feitos ao ritmo de cada partido.

Bruno Simão
25 de Abril de 2016 às 14:18
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Nas reacções à intervenção do Presidente da República na evocação dos 42 anos da Revolução do 25 de Abril, os partidos manifestaram abertura ao pedido de consensos de Marcelo Rebelo de Sousa - primeiro na saúde e depois nos sistemas político e financeiro, na justiça e segurança social -, mas com críticas mútuas pelo meio e disponibilidade apenas para entendimentos "positivos" para o povo.

Do lado do PSD, o líder parlamentar Luís Montenegro prometeu uma "oposição saudável" ao Governo, mas recordou que durante o tempo em que foi Governo com o CDS, o PS negou "sucessivamente" participar em consenso, comportamento que continua a ter, afirma. "Nós não podemos receber lições de disponibilidade para o consenso de nenhuma força política", lamentou, em declarações citadas pela Lusa.


Assim que chegou ao lado socialista, a bola foi prontamente devolvida. Pela voz do também líder parlamentar Carlos César, a mensagem do Presidente trouxe um "aviso muito sério" a quem faz "oposição sem critério" e "recusa consensos essenciais". O PSD, notou, está a aproximar-se "demasiado devagar" aos valores da normalidade democrática. "Mas nós, PS, esperamos pelo PSD e por todos aqueles que na sociedade portuguesa querem trabalhar em conjunto", afirmou. 


Em reacção às palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, que voltou a apontar o caso da saúde como uma primeira plataforma de entendimento entre forças que suportam o Executivo e partidos na oposição, Montenegro diz que a tentativa de consenso nessa matéria, como na estabilização do sistema financeiro, justiça ou segurança social "não é nada que não tenhamos feito e esteja nas nossas prioridades políticas".


Aqui, o deputado centrista João Almeida preferiu destacar a reforma da Segurança Social como espaço para entendimentos alargados, mas acusou os partidos da maioria de negarem a necessidade desses consensos. Mas noutras matérias continuam os caminhos alternativos, como é o caso do Programa de Estabilidade, que o CDS se prepara para levar a votos no Parlamento e sobre o qual exigiu "clarificação".


À esquerda, também o PCP se mostrou disponível para estender pontes, mas só nos casos em que daí resultem efeitos "positivos" para o povo português. Mas mais que os consensos, o líder comunista Jerónimo de Sousa apontou a necessidade de construir "algo de diferente, procurando resolver os problemas do país".


"Julgo que o Presidente teve este sentido. Reconhecendo o que havia para andar, reconhece também o muito que há para fazer", defendeu por seu lado Catarina Martins. A porta-voz do Bloco de Esquerda também diz presente ao apelo de Marcelo e lembra que "mesmo quando havia uma maioria de direita, o BE nunca deixou de discutir projectos e até houve avanços legislativos". Mas que isso não deve excluir a discussão e a diferença nas propostas.

 

Sublinhando que o debate no Parlamento é "hoje mais profundo do que alguma vez foi nos últimos anos" e que Marcelo "reconhece essa realidade e convive com ela", Catarina Martins destacou, tal como Jerónimo de Sousa, a alteração verificada nas comemorações deste ano, que contaram por exemplo com o regresso dos militares de Abril às galerias do Parlamento e "o reconhecimento de que hoje é seguramente um dia de celebração". O líder comunista atribui-o à nova correlação de forças na Assembleia. E reconhece: "De facto houve aqui uma diferença".

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