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Maria João Rodrigues: Portugal não vai “conseguir uma pasta de relevo” com Moedas
A actual vice-presidente do Parlamento Europeu, que era apontada como eventual escolha portuguesa para a Comissão Europeia, lamentou que, num momento de viragem política da Comissão Europeia, o Governo escolha “alguém que não se sabe como vai lidar com essa viragem”.
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A recém-eleita eurodeputada socialista Maria João Rodrigues não escondeu que era "parte interessada" no que diz respeito à escolha, por parte do Governo português, do nome para ocupar uma pasta na nova equipa da Comissão Europeia (CE). E também não escondeu a sua desilusão perante a escolha do nome do até agora secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, para comissário.
Em declarações feitas ao final da tarde à RTP, a socialista considerou pouco provável que Portugal consiga, com esta escolha, uma pasta de peso. "Em termos de passado governamental, o único que vem com passado de secretário de Estado é Carlos Moedas. Não acho que seja possível a Portugal conseguir uma pasta com relevo nesta situação", sustentou.
A também recentemente eleita vice-presidente do Parlamento Europeu (PE), com o pelouro da área económico-social, considera que será muito difícil para Carlos Moedas, enquanto comissário europeu, desligar-se da apologia feita ao programa de ajuda económica e financeira aplicado em Portugal.
"O engenheiro Carlos Moedas teve como função central a aplicação do programa da troika", começou por explicar, para de seguida acrescentar não saber "se o engenheiro Moedas terá essa capacidade. Até agora não se tem visto", concluiu.
Mesmo garantindo não ter "nenhum problema que o comissário escolhido seja da área PSD", Maria João Rodrigues recordou que estes "são cargos muitos exigentes, que exigem muita experiência à escala europeia". O tom crítico sobe de tom quando instada a enquadrar o perfil de Moedas na Comissão agora formalizada.
"É algo paradoxal que, no momento em que a CE - que foi eleita no PE por prometer uma viragem -, tem um novo presidente [Jean-Claude Juncker] que se comprometeu com prioridades que vão dar mais força ao crescimento, investimento e emprego, Portugal envie alguém que não se sabe como vai lidar com essa viragem", sustentou a antiga ministra do Trabalho do Governo de António Guterres.