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Marcelo opta pelo "silêncio" sobre Centeno

O presidente da República diz que não é a altura de se pronunciar sobre a posição do ministro relativamente à polémica da entrega de declarações de António Domingues.

O Presidente da República recordou o antigo chefe de Estado Mário Soares, acima de tudo, como um 'lutador da liberdade', e defendeu que Portugal tem o dever de combater pela 'imortalidade do seu legado'. Numa declaração de cerca de quatro minutos, lida na Sala das Bicas do Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que 'Mário Soares nasceu e formou-se para ser um lutador e para ter uma causa para a sua luta: a liberdade', e considerou que esse foi 'o penúltimo combate' que travou. 
'Resta a Mário Soares, como inspirador, travar o derradeiro combate, aquele em que estamos e estaremos todos com ele: o combate pela duradoura liberdade com justiça na nossa pátria comum, que o mesmo é dizer, o combate da imortalidade do seu legado, um combate que iremos vencer, porque dele nunca desistiremos, tal como Mário Soares nunca desistiu de um Portugal livre, de uma Europa livre, de um mundo livre. E, no que era decisivo, ele foi sempre vencedor', acrescentou.
'Travado o seu penúltimo combate, partiu do nosso convívio de todos os dias o Presidente Mário Soares', declarou Marcelo Rebelo de Sousa, no início da sua intervenção.
De gravata preta, o Presidente da República relembrou momentos marcantes da vida política de Mário Soares, dizendo que, 'como toda a personalidade de eleição, conheceu a glória e o revés, os amores e os desamores de cada instante', e lembrando também que teve ao seu lado 'Maria de Jesus Barroso, sua mulher e sua companheira de luta', que morreu em 2015.
'Há imagens únicas que ninguém esquecerá: a presença corajosa ao lado de Humberto Delgado, a resistência a partir do exílio, a chegada a Santa Apolónia, o discurso na Fonte Luminosa, o debate com Álvaro Cunhal, a disponibilidade para servir como primeiro-ministro em duas crises financeiras graves, a tenacidade no termo da primeira volta das presidenciais de 86, o calor irrepetível no encontro com os portugueses nas presidências abertas, a alegria no diálogo com as gentes da cultura, o sonho de um Timor-Leste independente, a presença na manifestação contra intervenção no Iraque', referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou, acima de tudo, o antigo chefe de Estado, como um lutador pela liberdade, em Portugal, na Europa e no mundo: 'Foi em homenagem à liberdade que se viu perseguido, preso e deportado, e viveu no exílio até 1974. Que por ela se bateu durante os conturbados anos da revolução. Que liderou um partido, fez ouvir a sua voz nos parlamentos, português e europeu, chefiou vários governos, presidiu aos destinos da pátria'.
'Mas foi sobretudo como lutador da liberdade que se revelou determinante a criar a nossa democracia, a votar a nossa Constituição, a ver a lusofonia como comunidade de Estados soberanos e irmãos, a pedir a adesão às Comunidades Europeias e a subscrevê-las, sonhando com uma Europa das pessoas e da solidariedade. A abrir a nossa diplomacia ao mundo, a condenar as violações dos direitos humanos e as intolerâncias internacionais. A defender a igualdade que permitisse a verdadeira liberdade, num quadro de um socialismo democrático', completou.
Bruno Simão
13 de Fevereiro de 2017 às 20:30
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Depois de ter defendido o ministro das Finanças no final da semana passada, o Presidente da República optou hoje por não reagir à conferência de imprensa desta segunda-feira de Mário Centeno.

 

Instado pelos jornalistas a comentar as declarações do ministro das Finanças, Marcelo Rebelou de Sousa optou pelo silêncio. "Não me pronuncio sobre isso", respondeu, acrescentando que "quando me quiser pronunciar, pronuncio".

 

O silêncio de Marcelo sobre esta questão surge depois de o Presidente da República ter recebido o ministro das Finanças em Belém, numa reunião onde Mário Centeno actualizou os desenvolvimentos sobre a entrega de declaração de rendimentos dos ex-gestores da Caixa Geral de Depósitos.

 

Em conferência de imprensa esta tarde, Centeno afirmou que, por sugestão do primeiro-ministro, pediu uma audiência ao "senhor Presidente da República", a quem explicou "detalhadamente o processo". Na conferência, o ministro tinha garantido que nunca existiu um compromisso com António Domingues a dispensá-lo da entrega da declaração de património e rendimentos no Tribunal Constitucional. E tinha revelado também que tinha reiterado ao "primeiro-ministro que o meu lugar está naturalmente à sua disposição desde que iniciei funções".

 

Depois das declarações de Centeno, o primeiro-ministro emitiu uma nota onde reiterou a confiança no seu ministro das Finanças.

 

Marcelo Rebelo de Sousa, na semana passada, defendeu o ministro das Finanças perante os pedidos de demissão formulados pela oposição, depois de ter sido conhecida a correspondência que o antigo presidente da CGD enviou a Mário Centeno. Nas missivas, divulgadas pelo Eco, Domingues recordava que as alterações ao Estatuto do Gestor Público aprovadas pelo Governo, que retiravam o banco das obrigações definidas neste diploma, visavam, entre outros objectivos, eliminar a obrigação de entrega das declarações de património.

 

"Até encontrar alguma coisa assinada pelo ministro das Finanças que diga uma coisa diferente, para mim o ministro das Finanças pensa o mesmo que o primeiro-ministro", ou seja, que António Domingues tinha que entregar as declarações de rendimentos, disse Marcelo a 9 de Fevereiro.

 

CDS e PSD têm acusado o ministro de ter mentido na comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa, quando disse não ter assumido qualquer compromisso com Domingues para isentar os administradores da instituição de escrutínio junto do Tribunal Constitucional.

 

Na carta divulgada pelo Eco, de 15 de Novembro, Domingues mostrava "grande surpresa" com a necessidade de apresentar as declarações de rendimento ao Tribunal Constitucional. Essa "foi uma das condições acordadas para aceitar o desafio de liderar a gestão da CGD e do mandato para convidar os restantes membros dos órgãos sociais, como de resto o Ministério das Finanças confirmou", lê-se na missiva.

 

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