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Marcelo critica Passos por "comparar méritos" e avisa Costa para "evitar deslumbramentos"
O Presidente da República deixou recados directos aos líderes do Governo e do maior partido da oposição sobre a forma como se devem comportar em relação aos recentes indicadores económicos positivos.
António Costa e Pedro Passos Coelho terão ficado com as orelhas a arder ao início da tarde desta terça-feira, 16 de Maio, quando o Presidente da República, durante o encerramento do Encontro Nacional da COTEC, em Matosinhos, resolveu elencar algumas "atitudes a evitar".
Numa referência implícita à reacção do PSD sobre os números positivos no crescimento económico e no emprego, que os social-democratas atribuíram às reformas realizadas pelo anterior Governo, Marcelo Rebelo de Sousa disse que "estar a comparar méritos é uma perda de tempo".
"Outra atitude a evitar é negar a realidade, por muito que nos custe. Muitas vezes trabalhamos para objectivos e depois vemos os que nos sucedem acabar por atingir realidades que nós não conseguimos", acrescentou o Presidente da República.
Para o primeiro-ministro, embora também nunca tenha explicitado o destinatário, o chefe de Estado deixou igualmente uma mensagem em tom crítico. "Evitar o deslumbramento" porque "não basta o que está a acontecer agora" e "isso acaba por travar a nossa capacidade de luta e disposição para enfrentar o futuro".
Pelo contrário, salientou ainda Marcelo - que já chegou a apontar o dedo ao excessivo optimismo do líder do Executivo socialista- "tem de se transformar em estrutural o que é conjuntural", uma vez que "os ciclos eleitorais passam e as questões estruturais permanecem".
Num país em que "a tendência para uma baixa auto-estima é crónica", Marcelo expressou satisfação por estar a ver um crescimento do "amor próprio" por parte dos portugueses. "Afirmar a auto-estima nacional" é um dos papéis do Presidente, anuiu, assim como o de "colocar um pequeno travão quando estamos perto de tocar o céu e é preciso ter os pés na terra".
Perante uma plateia repleta de empresários, o Presidente da República regozijou-se ainda por se ter "consensualizado a necessidade de finanças sãs", confiando que "hoje isso não depende de estados de alma" a nível político ou social, mas "converteu-se num consenso nacional".