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Reacções ao PIB: entre "o mérito é meu" e "este é o caminho"

Para o principal partido da oposição, há duas razões para o crescimento económico e nenhuma delas contempla o actual Governo. Para o primeiro-ministro, os números vêm confirmar que as políticas seguidas são as correctas.

Miguel Baltazar/Negócios
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O surpreendente crescimento do PIB – de 2,8% em termos homólogos e 1% em cadeia – suscitou reacções antagónicas da parte dos partidos. O PSD não questionou a importância destes números, mas chamou a si o mérito pelos números. 

"Estamos contentes com a recuperação do PIB [Produto Interno Bruto] neste trimestre que se deve às reformas realizadas pelo anterior Governo, à conjuntura internacional e na União Europeia mais favoráveis", declarou à Lusa a deputada social-democrata Inês Domingos. Para os social-democratas, os valores reflectem "o esforço das empresas e das famílias que levaram a economia para a frente, apesar de o Governo ser inerte e ter revertido reformas".

Para o PSD, a recuperação económica verificada após a entrada em cena do Governo apoiado pelo PS, Bloco de Esquerda e PCP é pura coincidência. Prova disso, defendem os social-democratas, é o maior contributo dado pela procura externa e o investimento no dinamismo da economia, em detrimento do consumo interno, esse sim estimulado pela política de devolução de rendimentos.

Da parte do Governo, a reacção é naturalmente bem distinta. O primeiro-ministro quis passar duas mensagens: os novos dados comprovam que as políticas seguidas são as correctas; e os pressupostos macroeconómicos em que assenta o Orçamento do Estado e a previsão do défice são sólidos e, até, conservadores.

"Isto demonstra bem que temos tido uma combinação equilibrada de políticas que nos permitiu ter o menor défice e também o maior crescimento dos últimos anos", disse António Costa citado pela agência Lusa. Em relação à polémica devolução de rendimentos, pedra angular do acordo da actual maioria parlamentar, o primeiro-ministro afirmou que os dados "confirmam que a prioridade dada à reposição de rendimentos das famílias portuguesas não comprometeu a competitividade, pelo contrário, reforçou a coesão e a confiança, que são indispensáveis ao crescimento".

António Costa fez questão ainda de lembrar a desaceleração que se verificava na economia quando assumiu a liderança do Governo. "Aquilo que os dados têm consistentemente vindo a demonstrar desde meados de 2006 é que o ciclo de desaceleração da economia foi invertido e tem tido uma aceleração sustentada", salientou.

O Presidente da República também comentou os dados do INE, mostrando-se "bastante feliz", mas pedindo para "não embandeirar em arco". "Vamos ver se se mantém [este ritmo], se se mantiver pode dar um número histórico", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, admitindo que possa atingir o crescimento acima de 2% que há pouco disse ser necessário.

À esquerda: a derrota da direita e os avisos ao Governo

 

A esquerda do PS, Bloco de Esquerda e PCP frisaram que os números do PIB destroem a narrativa do PSD e CDS. "Temos mais provas que devolvendo rendimentos e respeitando direitos o país cresce de forma sustentável", disse a parlamentar do BE Mariana Mortágua, acrescentando que os dados do INE são a "prova da falência do projecto da direita". Em comunicado, o PCP também reclamou parte destes resultados. "[São] dados inseparáveis da inversão com o rumo imposto pelo governo PSD/CDS e das medidas, ainda que limitadas, de reposição e conquista de direitos e rendimentos", disseram os comunistas.

No entanto, se por um lado os dois partidos que apoiam o Governo, mostram satisfação com os números do PIB, por outro, aproveitam a oportunidade para deixar avisos à governação.

Os comunistas defendem que os dados devem ser lidos "com prudência" já que resultam de uma conjuntura económica externa favorável e de uma trajectória da economia ainda refém de constrangimentos. Assim, para que este resultado se transforme num crescimento permanente e não conjuntural, os comunistas defendem que seja aplicada a estratégia que vêm defendendo: a renegociação da dívida, o fim da submissão ao euro e a dinamização da produção nacional.

O Bloco deixa também um recado: mais crescimento implica maior aposta no investimento em saúde e educação. "Se este crescimento é fruto de uma estratégia é importante que esse produto seja também aplicado nesse investimento público, nessa distribuição de rendimentos." A parlamentar acrescentou que, "para ser válido" e "trazer uma confirmação, "tem de se reflectir em investimento público em saúde e educação".

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