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António Costa diz-se disponível para trabalhar com Carlos Costa
O primeiro-ministro não quis pronunciar-se sobre uma eventual saída de Carlos Costa da liderança do Banco de Portugal. Apesar de Catarina Martins ter dito que o governador não tem condições para continuar, António Costa disse-se disponível para trabalhar com ele.
Catarina Martins voltou ao ataque e reiterou que Carlos Costa não tem condições para se manter como governador do Banco de Portugal, mas António Costa preferiu dizer que está disponível para continuar a trabalhar com as instituições e respectivas lideranças. Apesar de reconhecer que "há de facto uma questão com o Banco de Portugal", Costa diz que a sua obrigação como primeiro-ministro é "trabalhar de uma forma leal e construtiva com as instituições que existem e estão em funções".
Costa respondia à interpelação de Catarina Martins, que há muito defende que Carlos Costa deveria abandonar o Banco de Portugal. "O Banco de Portugal não está acima da crítica, criticá-lo não é atentar contra a independência do supervisor, critica-se o governador do Banco de Portugal porque se mostrou incapaz da independência, não foi independente dos banqueiros porque lhes fez todos os favores e resolveu-lhes os problemas todos", denunciou a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Adicionalmente, afirmou, Carlos Costa "não foi independente" do Governo de Passos Coelho "porque arrastou o problema do BES para ajudar à farsa da saída limpa e o do Banif para ajudar às eleições de 2015". Por isso, "por muito que queira explicar hoje, Carlos Costa não conseguirá apagar os erros do passado nem sossegar sobre o futuro", pelo que "não tem condições" para continuar.
António Costa disse que percebe por que razão o PSD e o CDS "tomam tão rapidamente as dores que surgem sobre os problemas do Banco de Portugal". Isso sucede porque a reportagem da SIC, sobre a actuação do regulador no BES, "reporta-se a factos anteriores à designação pelo anterior Governo do actual governador, verdadeiramente o PSD não vem defender o actual governador, vem-se defender a si próprio por ter feito uma recondução apesar de tudo aquilo que tem vindo a público e já constava alias da comissão de inquérito" ao banco liderado por Ricardo Salgado.
Ainda assim, "o Governo não tem de se pronunciar sobre as decisões que foram então tomadas, eu próprio enquanto líder do PS pronunciei-me sobre essa matéria".
Costa afasta mexidas na designação do governador
Pouco depois, questionado por Assunção Cristas, o primeiro-ministro também não se mostrou disponível para alterar a designação do governador do Banco de Portugal, apesar de ter sugerido, em 2015, que fosse o Presidente da República a ter essa competência. "Essa proposta não mereceu a concordância da anterior maioria porque implicava uma revisão constitucional para poder reforçar as competências do Presidente. Felizmente foi possível alterar o processo de nomeação dos membros da administração, o que está a ocorrer", lembrou.
O Diário de Notícias escrevia ontem que o próprio PS já não tem aquele assunto em cima da mesa.