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Passos acusa Costa de o “insultar”, Costa diz que PSD está “ressabiado”
A fuga de 10 mil milhões de euros para paraísos fiscais sem controlo do Fisco provocou uma acesa discussão entre Passos Coelho e António Costa no debate quinzenal desta manhã. Costa e Passos acusaram-se mutuamente de se insultarem e de má-educação.
Pedro Passos Coelho estava a finalizar a sua intervenção no debate quinzenal desta manhã quando deixou cair uma afirmação que incendiou as hostes durante os minutos seguintes. O líder do PSD garantiu que "não existe, sobre as transferências feitas para offshores, nada que envolva responsabilidade política do Governo" e que "mais de metade" dessa verba foi transferida já após o fim de funções do anterior Governo.
Passos exigia que Costa lhe pedisse desculpa, depois de no último debate ter acusado Passos de ser responsável pela fuga de dinheiro. "Não faço processos de intenção em relação a ninguém, mas exijo que quando fazem esses processos, pelo menos peçam desculpa".
António Costa não foi meigo. "Confesso que o senhor consegue sempre surpreender-me pela desfaçatez. Há 15 dias o senhor esteve aqui a insultar-me, pôs o seu líder parlamentar a insultar-me, fez fugas da reunião do seu grupo parlamentar onde me chamou vil, soez, reles e outros mimos de boa linguagem parlamentar", Assunção Cristas "permitiu-se ofender a comunicação social, dizendo que uma notícia do Público era plantada pelo Governo".
"E depois de 15 dias em que todo o país percebeu o que aconteceu, até vossa excelência se viu forçado a vir fazer esta coisa extraordinária, depois de me insultar a mim, pôr em causa o Presidente da República, o presidente da Assembleia, até teve de criticar o seu próprio Governo e o seu secretário de Estado" Paulo Núncio, "e ainda quer que lhe peça desculpa? É preciso muita desfaçatez", reagiu.
Passos Coelho pediu depois a defesa da honra. "Há limites para a desonestidade no debate político", atirou. "Discuti sempre com lealdade parlamentar e respeito pessoal e institucional todas as diferenças de política. Desafio a provar que alguma vez o tenha insultado". Enumerando depois as acusações que Costa já lhe fez, Passos acusou o primeiro-ministro de não perder "uma oportunidade para desqualificar os adversários" e de fazer "comentários de natureza pessoal". "E vem acusar o líder do PSD de o denegrir e insultar?".
"Nunca, nem nos tempos de pior memória, de debates truculentos, ouvi um primeiro-ministro ofender gratuitamente tantas pessoas ao mesmo tempo", rematou.
Montenegro diz que Costa é "mal-educado"
Costa pediu depois a Passos: "Ó senhor deputado, não perca outra vez a cabeça noutro debate, pelo menos intervale, mantenha a serenidade". "Neste clima que lhe desagrada procura construir uma teoria de que há crispação, mas não há nenhuma crispação no país nem na Assembleia da República, o que há é uma bancada ressabiada pelo facto de ter falhado tudo".
Desta feita, a resposta coube a Luís Montenegro, que pediu a defesa da honra da bancada. "A bancada do PSD não está ressabiada com nada, a bancada do PSD, que tem 89 deputados que a juntar com os deputados do CDS venceram as últimas eleições legislativas, a bancada do PSD que suportou o Governo anterior, que recebeu como ponto de partida um pais na pré-bancarrota, em recessão económica, e deixou o país a crescer na economia e no emprego, não fica insatisfeita quando o país cresce", começou por dizer.
"O que a bancada do PSD quer é ter um debate político com nível, sem estas insinuações que o primeiro-ministro aqui repete e que nem a dar explicações sobre a defesa da honra é capaz de dar, porque o primeiro-ministro é mal-educado com os que representam o povo português", acusou.
Na resposta, Costa disse que viu "enervamento" em Montenegro e disse que "do líder de uma bancada que se me referiu ainda há 15 dias como sendo vil, ordinário, reles e soez" não recebe "lições de boa educação".
A terminar, Carlos César também pediu a defesa da honra. "Esta Assembleia está confrontada com um comportamento sistemático e repetido do PSD que é insultuoso para o Governo, de desconsideração pelo trabalho parlamentar e insultuoso para o PS". "O PSD perde a cabeça quando tudo lhe corre mal e dificilmente alguém pode invocar a honra quando não é capaz de pedir desculpa neste plenário ou publicamente quando insulta um primeiro-ministro", concluiu.