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Líder do Bundesbank não vê "espiral salários - inflação" na Zona Euro
Joachim Nagel acredita que a Zona Euro não está a atravessar esta espiral e que a Alemanha não entrará numa grave recessão. O líder do banco central alemão apela ainda para que o BCE mantenha uma política monetária restritiva.
A Zona Euro não está a atravessar uma espiral "salários - inflação", mas o Banco Central Europeu (BCE) deve manter a sua política monetária restritiva. Esta ideia é defendida por Joachim Nagel, membro do conselho da autoridade monetária e líder do banco central alemão.
"Não estamos a assistir a nenhuma espiral salários - inflação, devido aos atuais aumentos salariais", defendeu o presidente do Bundesbank, em entrevista à publicação alemã Zeitschrift für das gesamte Kreditwesen.
Ainda assim, o economista alemão salientou a necessidade de manter a conduta "falcão" do BCE. "As nossas sondagens mensais às empresas e às famílias revelam um aumento significativo das expectativas relativamente à inflação a longo prazo", frisou Nagel.
Assim, para o membro do conselho do BCE é necessário manter "a política monetária para travar [a inflação] e inverter esta tendência".
Confrontado com a hipótese de uma recessão na Zona Euro e sobre a possibilidade de tal cenário poder levar o BCE a abrandar a política monetária, Nagel fez eco das palavras da presidente Christine Lagarde, que na semana passada alertou que "seria ainda pior" ter uma inflação enraizada na economia por falta de ação do BCE.
Nagel recordou que abrandar agora, devido ao aumento das taxas sobre os empréstimos bancários, poderia prejudicar o crescimento económico, já que obrigaria a um maior endurecimento da política monetária mais tarde - o que "iria pressionar ainda mais a economia".
Olhando para a maior economia da Zona Euro, o presidente do Bundesbank mantém-se confiante."Estou otimista. Acredito que a Alemanha será capaz de evitar uma recessão grave", e que o país será capaz de recuperar de uma "ligeira recessão". Nagel está ainda otimista de que o BCE será capaz "de reduzir a inflação a médio prazo".
Desde o início do ciclo de adoção de uma política monetária restritiva, em julho do ano passado, o BCE já aumentou as taxas de juro diretoras em 250 pontos base. Na última reunião, Lagarde apontou para a necessidade de continuar a aumentar "significativamente" os juros diretores para reduzir a inflação à meta dos 2%.