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"Não há almoços grátis": Economistas do BCE pedem a Governos para apertarem o cinto

Num texto publicado no blog da autoridade monetária, os economistas alertam para a necessidade de sustentabilidade orçamental, sobretudo numa altura em que as taxas de juro estão a subir, como não era visto há mais de dez anos.

O Banco Central Europeu quer saber de que forma as instituições financeiras estão preparadas para lidar com choques financeiros e económicos resultantes das alterações climáticas.
Kai Pfaffenbach/Reuters
05 de Janeiro de 2023 às 20:54
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Numa altura em que os rácios de dívida pública sobre o PIB de alguns países da Zona Euro, como Portugal, Espanha, França e Itália se mantêm superiores a 100%, apesar do fim da era do dinheiro barato e da subida dos juros, os economistas do Banco Central Europeu (BCE) deixam um alarme com humor histórico aos Governos da Zona Euro: "os almoços grátis acabaram".

Num texto publicado no blog da autoridade monetária intitulado "Política orçamental: do almoço grátis ao almoço acessível", Othman Bouabdallah, William Hynes, Thomas Kostka, Julian Schumacher e Vilém Valenta defendem que é altura dos Executivos reduzirem a carga da dívida nas contas públicas, já que o financiamento se torna mais oneroso.

"As taxas de endividamento das administrações públicas aumentaram acentuadamente devido à elevada inflação e à normalização da política monetária", começam por explicar os economistas do BCE.

Desde julho, o BCE tem aumentado as taxas de juro diretoras, um movimento que não acontecia há mais de dez anos. Atualmente, já nenhuma das taxas está em terreno negativo.

A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento está em 2,5%, enquanto a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez se fixa em 2,75%. Já taxa aplicável à facilidade permanente de depósito situa-se em 2%.

"Os custos de endividamento dos Estados vão aumentar à medida que o 'stock' de dívida se vá refinanciando com juros mais altos. Além disso, os juros pagos por nova dívida também dependem da solidez orçamental", consideram os economistas.

Assim, "um maior endividamento pode fazer subir os 'spreads' de crédito para níveis em que a dinâmica da dívida se vá deteriorando, mesmo com a ausência de outros choques económicos", advertem os especialistas do BCE.

Investidores atentos à sustentabilidade da dívida


Além disso, "os investidores também reduziram o apetite por ativos de maior risco. Paralelamente, prestam mais atenção à sustentabilidade da dívida pública, especialmente em países com grande volume de dívida".

Estes fatores têm levado, na ótica dos especialistas do BCE, "ao aumento dos 'spreads' [das yields] das dívidas soberanas". Este problema pode ainda ser ampliado "caso os 'outlooks' económicos sejam revistos em baixa", advertem os economistas do BCE.

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