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Economistas esperam que BCE corte juros já no verão
O JPMorgan e o Commerzbank estimam uma redução de 10 pontos base na taxa de juro dos depósitos, para -0,5%.
Mario Draghi abriu a porta a uma descida das taxas de juro na Zona Euro e os economistas dos bancos de investimento já estão a antecipar quando irá a autoridade monetária avançar com mais medidas de estímulo.
O JPMorgan e o Commerzbank são unânimes na dimensão do corte e na taxa de juro que será reduzida. Só diferem no timing.
O JPMorgan estima que o BCE altere o "forward guidance" (indicação sobre o futuro da política monetária) na reunião de julho e depois em setembro opte por um corte de 10 pontos base na taxa de juro dos depósitos.
O Commerzbank espera uma ação mais rápida, com um corte de 10 pontos base na taxa de juro dos depósitos já no próximo mês de julho.
A confirmar-se estas previsões, a taxa descerá para -0,5%, pelo que os bancos terão de pagar uma taxa de juro de 0,5% para ter o dinheiro estacionado no banco central. Com esta medida, o BCE pretende forçar os bancos a circularem o dinheiro, o que tenderá a estimular a economia e a inflação.
A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez estão em 0,00% e 0,25%, respetivamente. A taxa de referência está em mínimos históricos há vários anos e caso seja cortada, irá para terreno negativo.
Mario Draghi admitiu esta terça-feira em Sintra que o BCE poderá avançar com mais medidas de estímulo para impulsionar a economia e a inflação da Zona Euro, referindo que um novo corte de juros faz parte das ferramentas à disposição da autoridade monetária.
Se as perspetivas económicas não melhorarem e a inflação não recuperar, "serão necessárias medidas de estímulo adicionais", disse o presidente do BCE no seu discurso de abertura do primeiro dia completo de trabalhos do 6.º Fórum do BCE, que decorre em Sintra.
Numa nota citada pela Bloomberg, o JPMorgan diz que, na reunião de julho, o BCE deverá optar apenas por alterar as expectativas do mercado e até poderá manter a promessa de manter os juros baixos até meados de 2020.
"Nesta altura, não esperamos um novo ‘quantitative easing’ [programa de compra de ativos], mas enfatizamos que a visibilidade sobre as perspetivas macroeconómicas, bem como a resposta do BCE, é muito baixa", refere o JPMorgan.
O Commerzbank esperava que o BCE descesse a taxa dos depósitos no quarto trimestre, mas agora antecipou o timing já para julho. O banco alemão também admite que BCE possa retomar o programa de compra de obrigações, mas para isso a evolução da economia europeia terá de agravar-se de forma considerável.