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Draghi: Portugal está a "aproveitar totalmente os benefícios das políticas dos últimos anos"
O presidente do BCE faz um balanço positivo da situação portuguesa, um país que está agora a beneficiar das reformas dos últimos anos. No Parlamento Europeu, Draghi discordou da eurodeputada Marisa Matias, que acusou o BCE de fazer chantagem com a Grécia.
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"Portugal atingiu um ponto em que consegue aproveitar totalmente os benefícios das políticas adoptadas nos últimos anos", com taxas de juro a descer, regresso do crescimento, acesso aos mercados "e desemprego a cair, e a cair rapidamente". O País "está a transformar-se numa testemunha da recuperação da Zona Euro", acrescentou ainda o Presidente do BCE, no Parlamento Europeu.
Mario Draghi respondia a Marisa Matias, a eurodeputada portuguesa do Bloco de Esquerda, que acusou a instituição de chantagear a Grécia e de não garantir o apoio que o país precisa, nomeadamente no apoio ao sistema bancário helénico, e recusou o optimismo aplicado a Portugal.
Draghi recusou as acusações: "Discordo de quase tudo o que diz", atirou, defendendo que a exposição do BCE à Grécia atingiu em Fevereiro os 104 mil milhões de euros, uma duplicação face aos 50 mil milhões de Dezembro: "isto é quase 65% do PIB grego, e é a maior exposição na Zona Euro". "Que tipo de chantagem é esta?", perguntou.
O presidente do BCE , que falou no Parlamento Europeu, na Comissão de Assuntos Económicos e Monetários, no âmbito da sua visita trimestral à instituição, repetiu depois o que já havia dito antes na sessão: o BCE tem regras que tem de cumprir; e estas definem que só pode emprestar dinheiro à Grécia (um país com todos os "ratings" em "lixo") e aceitar dívida grega como colateral se o Estado-membro cumprir condições: nomeadamente a conclusão com sucesso do actual programa de ajustamento e a garantia de que os fundos não são usados para financiar os governos.
Draghi diz que está confiante que a Grécia voltará a cumprir essas condições e que nesse momento o banco central voltará a poder apoiar os gregos, em particular aceitando dívida pública como colateral e comprando titulos no âmbito do programa de "Quantitative Easing". E foi aqui que o presidente do BCE usou Portugal como exemplo de um país que se empenhou nas reformas acordadas com a troika, e que agora está a tirar os benefícios.
A eurodeputada portuguesa não concordou com Draghi e justificou a redução do desemprego em Portugal com o aumento da emigração no País – com a saída de mais de 300 mil pessoas. Na troca de argumentos, Draghi manteve que "Portugal está a retirar os benefícios das suas políticas", mas acrescentou também "que tem pela frente desafios significativos".