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Draghi: "Ainda não estamos lá. Não há qualquer sinal convincente" de recuperação da inflação

O BCE mantém os estímulos e nem sequer se vai comprometer com um debate já em Setembro, mas apenas no Outono. Salários e inflação têm de subir primeiro, diz Draghi.

Bruno Simão
20 de Julho de 2017 às 14:39
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O Banco Central Europeu (BCE) não vê qualquer sinal convincente recuperação sustentada da inflação que justifique uma alteração dos actuais estímulos monetários. Por agora fica tudo igual e nem as equipas técnicas do BCE estão sequer a trabalhar em hipóteses para uma possível estratégia de saída, avançou Mario Draghi na reunião de 20 de Julho, na qual retirou também pressão em relação à possibilidade de surgirem novidades em Setembro, quando são divulgadas novas previsões macroeconómicas. O compromisso ficou-se apenas por debater o tema no Outono.

Hoje "tomámos nota da contínua melhoria do momento económico [mas] não há qualquer sinal convincente de uma recuperação da inflação subjacente [a que não considera energia e bens alimentares e é mais estável], quando se espera que a inflação global se mantenha volátil", afirmou Mario Draghi, que durante a conferência de imprensa insistiu nas três palavras que marcaram a mensagem que pretendeu passar há umas semanas em Sintra: confiança, persistência e prudência. Confiança na recuperação e nas políticas do banco central; persistência nos estímulos até que a recuperação da inflação seja sustentada e menos dependente nos estímulos de Frankfurt, e prudência para não prejudicar a recuperação da inflação e dos salários.

"Precisamos de ser persistentes, e prudentes. Ainda não estamos lá" afirmou o presidente da instituição, sublinhando que que, por agora, não só a inflação está longe da meta do BCE de uma inflação de 2%, como permanece dependente "do nível muito elevado de estímulos monetários" que estão no terreno. Para Draghi, como já havia dito em Sintra, estamos essencialmente perante uma questão de tempo: "Só temos de esperar que preços e salários se aproximem do nosso objectivo", disse, pedindo paciência, e avisando que "a última coisa que podemos querer é um agravamento das condições financeiras que possa abrandar ou até desperdiçar o ajustamento [de preços e salários]". E é aliás por isso que o banco central mantém o compromisso de fortalecer o seu programa de compras de títulos "em duração ou dimensão" se vier a enfrentar desenvolvimentos negativos que afectem o objectivo do banco central.

Face à incerteza que ainda persiste na Zona Euro e à fraqueza da recuperação de preços – em Junho a inflação global ficou-se pelos 1,3% e a subjacente pelos 1,1% – Draghi sublinhou que os governadores foram "unânimes" na decisão de manter o compromisso de taxas de juro nos actuais níveis até para lá de 2018, e de não se comprometerem com qualquer data para o debate sobre a alteração do programa de estímulos, limintando-se a dizer que o tema será analisado no Outono.

Até lá, a taxa de juro central mantém-se em zero, a taxa sobre depósitos em Frankfurt manter-se-á em -0,4%, e o BCE continuará a comprar 60 mil milhões de euros de activos por mês, anunciou o banco central antes da conferência de imprensa

"Depois dos mercados financeiros terem sobrereagido ao discurso de Draghi em Sintra, o BCE jogou pelo seguro" escreveu Holger Schmieding, economista-chefe dpo banco Berenberg, numa nota a clientes, dando conta do tom optimista, mas cauteloso de Draghi, que reforçou que que a retirada de estimulos será muito gradual. Schmieding espera que o BCE comece a reduzir o ritmo de compra de activos em Janeiro, terminando as compras em Setembro, que a taxa de depósitos suba no final de 2018, e que a taxa central suba no final de 2019.

Apesar do tom cauteloso e do cuidado em afastar um cenário de aperto as condições monetarias em breve, o euro valorizou face ao dolar e as taxas de juro baixaram apenas ligeiramente na hora após a conferência de imprensa em Frankfurt. 




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