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Depois das contradições de Sintra, Draghi deixa Jackson Hole sem novidades sobre estímulos
25 de Agosto. Mario Draghi vai falar. Mas não vai dar indicações sobre a retirada de estímulos à Zona Euro. Não haverá assim mensagens ao mercado, como aconteceu no discurso em Sintra, que deixou dúvidas nos investidores.
Mario Draghi não precisou de falar para mexer com os mercados. Uma notícia da Reuters, sobre aquilo que o presidente do Banco Central Europeu não vai dizer em Jackson Hole no final do mês, foi o suficiente para afundar juros da dívida e para fazer cair o euro. Porquê? Não vai haver novidades sobre os estímulos monetários na Zona Euro.
No seu discurso na conferência de Jackson Hole da Reserva Federal norte-americana, a ocorrer a 25 de Agosto, o líder da autoridade monetária da Zona Euro não vai assim transmitir qualquer mensagem sobre política monetária, ao contrário do que se aguardava.
Esta posição retira de cima da mesa a possibilidade de Draghi indicar como o BCE antecipa reequilibrar os estímulos monetários à Zona Euro, que passa pela compra de obrigações no mercado secundário (razão pela qual, com indicações de que não vai haver para já redução dos estímulos, os juros caem).
Assim, novidades sobre como vai a Zona Euro lidar com a retirada de estímulos só para o Outono, como tinha sido sinalizado em Julho.
A questão da retirada de estímulos monetários na Zona Euro é central. Como é que se poderá normalizar a política monetária, que tem sido marcada pelas taxas de juro em mínimos históricos e pelo programa de compras de obrigações (para estimular a economia e aumentar a inflação), sem danificar o crescimento económico é o grande foco de Draghi. Mas esse foco não será um tema no encontro de banqueiros centrais organizado pela Fed americana.
À Reuters, um porta-voz do BCE afirmou que o discurso do presidente em Jackson Hole vai centrar-se em como se poderá promover uma economia global dinâmica.
Ficam assim fora da mesa palavras sobre política monetária, empurrando o tema para o Outono. Não haverá, assim, espaço para mensagens contraditórias, como a que marcou Sintra em Junho deste ano.
Em Junho, as suas palavras sinalizaram que, no médio prazo, como haveria mudanças nos estímulos monetários. Só que houve depois vários responsáveis de Frankfurt a intervir publicamente, corrigindo essa mensagem.