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Draghi empurra para Outono decisão sobre estímulos

Presidente do BCE reafirmou que está confiante, mas que ainda não chegou o momento de retirar estímulos. Antes salários e inflação têm de subir de forma sustentada e o banco central reserva o direito de intervir se mercados reagirem de forma exagerada.

Bruno Simão
20 de Julho de 2017 às 21:45
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À medida que a economia e a inflação da Zona Euro recuperam, e que a redução dos estímulos monetários pelo BCE se torna mais provável, Mario Draghi continua a explorar os difíceis contornos da comunicação das políticas do banco central, procurando a melhor forma de sair de cena, gradualmente, e sem gerar sobressaltos. Esse será o seu principal desafio até ao final do seu mandato em 2019.

Depois do discurso que proferiu em Sintra, no Fórum anual do BCE, a 27 de Junho, ter gerado uma valorização do euro e subidas de juros que os responsáveis do banco central consideraram excessivas, Mario Draghi aproveitou a última reunião antes das férias do Verão para avançar que uma retirada de estímulos não está sequer a ser estudada neste momento pelo banco central, e que novidades nessa frente só no Outono. O responsável nem sequer se comprometeu com novidades em Setembro, lembrando que o único mandato do BCE passa por garantir uma inflação próxima, mas inferior a 2%, e que neste momento, embora a economia esteja mais forte, não há sinais de um recuperação sustentada dos preços.

"Tomámos nota da contínua melhoria do momento económico [mas] não há qualquer sinal convincente de uma recuperação da inflação subjacente [a que não considera energia e bens alimentares e é mais estável], quando se espera que a inflação global se mantenha volátil", afirmou, dizendo que espera por aumentos salariais convincentes antes de confiar numa retoma sustentada dos preços. Em Junho a inflação global na Zona Euro ficou-se pelos 1,3% e a subjacente pelos 1,1%.

Draghi avançou que os governadores foram "unânimes" na decisão de manter o compromisso de taxas de juro nos actuais níveis até para lá de 2017, e de não se comprometerem com qualquer data para o debate sobre a alteração do programa de estímulos, cuja duração termina em Dezembro. Até lá, a taxa de juro central mantém-se em zero, a taxa sobre depósitos em Frankfurt manter-se-á em -0,4%, e o BCE continuará a comprar 60 mil milhões de euros de activos por mês.

BCE contrariará reacções excessivas

Draghi aproveitou a reunião para explicar e reforçar a mensagem que levou a Sintra de que a política monetária será guiada por três palavras: confiança, persistência e prudência. Confiança na recuperação e nas políticas do banco central; persistência nos estímulos até que a recuperação da inflação seja sustentada e menos dependente nos estímulos de Frankfurt, o que ainda não aconteceu; e prudência para não prejudicar a recuperação da inflação e dos salários.

Numa intervenção com poucas novidades,  foi neste último ponto que o líder do banco central foi mais longe, particularmente tendo em conta a reacção dos mercados em Junho que, na sua opinião, foi excessiva.

É que prudência significa não só uma retirada lenta de estímulos, como também a possibilidade de até os reforçar caso se observe uma degradação das condições financeiras que prejudique a retoma e o aumento de salários e preços. "A última coisa que podemos querer é um agravamento das condições financeiras que possa abrandar ou até desperdiçar o ajustamento [de preços e salários]", afirmou, explicando que é aliás por isso que o banco central mantém o compromisso de reforçar o programa de compras de títulos "em duração ou dimensão" se vier a enfrentar desenvolvimentos negativos que afectem o objectivo do banco central.

Em reacção às decisões e à intervenção de Draghi o euro subiu, isto apesar da generalidade dos analistas ter interpretado que a retirada de estímulos será suave e acontecerá mais tarde do que cedo. As taxas de juro da dívida pública pouco mexeram.
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