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BCE iniciou programa de compra de dívida privada para evitar deflação

As impressoras de Frankfurt começaram a funcionar para tentar retirar a Europa de uma situação de deflação que espreita à medida que a economia arrefece e taxa de inflação baixa para os 0,3%.

Bloomberg
20 de Outubro de 2014 às 17:10
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O Banco Central Europeu começou hoje a comprar obrigações privadas que têm como activos subjacentes hipotecas e empréstimos ao sector público ("covered bonds"), pondo em prática o novo instrumento anti-deflação anunciado por Mario Draghi este Verão. Por estrear estão ainda as compras de dívida titularizada de empresas ("Asset Backed Securities") que deverão avançar mais para o final do ano.

 

A notícia foi avançada segunda-feira de manhã pela Bloomberg e entretanto confirmada pelo BCE. As primeiras compras terão incluído obrigações titularizadas emitidas pelo Société Generale, pelo BNP Paribas e por bancos espanhóis, escreveu a agência noticiosa.

 

No início do mês Mario Draghi confirmou que o plano de compra de dívida privada teria início na segunda quinzena deste mês e apontou para um aumento do balanço do BCE de até um bilião de euros nos próximos dois anos, elevando de dois para três biliões a sua carteira de activos. Nesse cenário o balanço do banco central regressará à dimensão que teve no primeiro semestre de 2012, no período mais quente da crise.   

 

O Negócios questionou o Banco de Portugal no início do mês sobre o possível volume de compras de activos emitidos por bancos portugueses, mas o gabinete de Carlos Costa não respondeu até agora. Segundo contas do JP Morgan, o BCE poderia comprar até 11 mil milhões de euros de ABS emitidos pelos bancos nacionais.

 

O BCE passará a divulgar a quantidade de aquisições às segundas-feiras, começando na semana que vem. Nessa informação incluirá o volume total de aquisições até à sexta-feira anterior, mas não dará conta da distribuições regional das aquisições. 

 

O programa de compra de dívida titularizada tem início num momento em que se sucedem notícias sobre o abrandamento da actividade económica na Europa e em que a taxa de inflação na Zona Euro baixou para 0,3% em Setembro – um valor muito inferior à meta de inflação "abaixo, mas perto de 2%" no médio prazo assumida pelo BCE.

 

O objectivo do banco central é aliviar os balanços dos bancos europeus de empréstimos que tenham em carteira, permitindo-lhes aumentar o crédito à economia. Uma vez que o BCE garante um nível mínimo de procura por dívida titularizada, as instituições financeiras poderão conceder empréstimos sabendo que terão procura garantida (pelo BCE) para esses créditos titularizados.

 

Os críticos da actuação do BCE, em particular na Alemanha, acusam o banco central de se preparar para comprar activos de baixa qualidade na periferia, assumindo riscos indevidos. Mas do outro lado está por exemplo o FMI que considera que o banco de Frankfurt deveria ser ainda mais agressivo e preparar um programa de compra de dívida pública. 

 

Durante a crise, o BCE já teve dois programas de compra de dívida titularizada que tiveram início em Julho de 2009 (o qual terminou em Julho de 2010 e do qual ainda 31,3 mil milhões de euros no balanço do BCE) e em Novembro de 2011 (o qual terminou em Outubro de 2012 e do qual ainda permanecem no balanço do BCE 13,5 mil milhões de euros). 

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