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BCE começa compra de dívida privada este mês

O banco central anuncia dois programas de compra de dívida titularizada. As primeiras compras começam este mês e Draghi diz que o BCE está preparado para ir mais longe se necessário.

Reuters
02 de Outubro de 2014 às 14:19
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Mario Draghi anunciou que o banco central irá iniciar a compra de dívida titularizada já este mês ao abrigo de dois programas de compra de dois títulos: um focado em obrigações sobre hipotecas e obrigações sobre crédito bancário ao sector público ("covered bonds") e outro centrado em dívida titularizada conhecia por "asset backed securities (ABS)" com créditos a empresas como activos subjacentes.

 

Até meio deste mês o BCE iniciará a compra de "covered bonds", avançou o presidente do BCE, enquanto a compra de ABS terá início até ao final do ano. As compras durarão por dois anos, acrescentou o banqueiro central, que justificou as medidas com a degradação das expectativas de inflação de médio prazo na Zona Euro, que estão abaixo da meta de 2%, o único mandato do BCE. O italiano acrescentou ainda que "se se tornar necessário", o conselho de governadores é unânime na decisão de avançar "com medidas não convencionais adicionais".

 

"As nossas compras de activos deverão tornar a política monetária acomodatícia de forma mais abrangente e fortalecer o nosso "forward guidance" [a garantia de taxas de juro baixas por muito tempo]" afirmou Draghi, que falou em conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Governadores que decorreu em Nápoles.

 

Perante os últimos dados de inflação, o anúncio da implementação dos programas de compra de dívida privada – em particular de ABS – já eram esperados, faltando pormenores: quando, que quantidade, com que risco e por quanto tempo decorrerão as compras.

 

O presidente do BCE especificou que, em conjunto, os programas de compra de "covered bonds" e ABS podem chegar potencialmente a 1 bilião de euros, mas sublinhou que isso não quer dizer que esse montante de injecção de liquidez seja atingido por essa via.

 

A ideia de não atingir o bilião de euros desapontou alguns analistas, mas Draghi, acrescentou que à compra de títulos deve ser adicionado o efeito do último programa de empréstimos de longo prazo anunciado em Junho, estimado para um máximo de 400 mil milhões de euros, mas que no primeiro empréstimo (em Setembro) se ficou pelo 82 mil milhões.

 

"O nosso balanço deverá crescer até ao tamanho que tinha no início de 2012", avançou Draghi, o que aponta para um balanço entre entre 2,5 a 3 biliões de euros.

 

Os programas de compra de terão a duração de dois anos mas, apesar da pressão dos jornalistas, Draghi não quis especificar a que ritmo decorrerão as aquisições, nem por quanto tempo pretende manter o balanço do BCE inflacionado. Tudo depende da evolução das expectativas de inflação.

 

"Nós tomámos um conjunto enorme de medidas e ainda temos de ver o seu impacto", respondeu, acrescentando que "o último teste [às nossas decisões] será a evolução das expectativas de inflação, ou seja, a expectativa de médio prazo de inflação nos próximos meses". "É claro que esperamos um impacto significativo", acrescentou.

 

Risco controlado?

 

O BCE comprará títulos em todos países do euro, incluindo Grécia e Chipre. Respondendo às críticas de que se prepara para adquirir activos de muito baixa qualidade nas economias da periferia, o presidente da instituição precisou que, em economias com "ratings" inferiores a BBB- (caso de Grécia e Chipre), as compras só serão possíveis se estes estiverem abrangidos por um programa de ajustamento da União Europeia. "Não há programa, não há compras", disse.

 

Além disso, o líder da autoridade monetária europeia garantiu que no caso dos ABS, o BCE só irá adquirir produtos simples. "Este programa é orientado para incentivar o crédito a PME", e por isso, os "ABS em que nos vamos focar serão simples e transparentes [consistindo] de empréstimos e outro tipo de créditos que seja fáceis de medir e avaliar", afirmou.

 

(Notícia actualizada às 15h20)

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