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Trump volta a ameaçar a China com tarifas adicionais e preferia ter Draghi na Fed
Fiel ao seu estilo, o presidente dos Estados Unidos mostra-se otimista quanto às possibilidades de Washington e Pequim alcançarem um acordo comercial que evite o recurso a novas taxas alfandegárias reforçadas. Porém, Donald Trump já vai avisando que sem acordo os EUA aplicarão tarifas adicionais sobre os bens importados da China.
Se os Estados Unidos e a China não fecharem um acordo que permita equilibrar a relação comercial entre as duas maiores economias mundiais, Washington irá adotar "tarifas adicionais" e "muito substanciais" sobre os produtos chineses, avisa o presidente norte-americano Donald Trump.
Em entrevista à Fox e acerca do encontro com o homólogo chinês, Xi Jinping, previsto para o próximo sábado, à margem, da cimeira do G20 que decorre na próxima sexta-feira e sábado, em Osaka, no Japão, Donald Trump admite que se não alcançar um acordo com o presidente da China então os Estados Unidos vão intensificar a disputa comercial.
"Irei adotar tarifas adicionais, tarifas adicionais muito substanciais se [a reunião] não resultar, se não alcançarmos um acordo", atirou Trump em declarações à Fox reproduzidas pela agência Reuters. Donald Trump fala ainda num "plano B" para o caso de não obter um acordo com Pequim, e diz mesmo que esse até pode ser o seu "plano A" - até porque, na verdade, é isso que já se verifica nesta altura.
"O meu plano B em relação à China é embolsar milhares de milhões e milhares de milhões de dólares por mês e fazermos cada vez menos negócios com eles", disse admitindo que "talvez" esse seja mesmo o seu "plano A". Todavia, Trump coloca a possibilidade de novas tarifas serem fixadas nos 10% e não nos 25% hoje pagos por diversos bens chineses importados pelos EUA.
O líder americano admite, contudo, existirem possibilidades de ser obtido um acordo capaz de evitar o recurso a tarifas aduaneiras reforçadas durante o encontro marcado para sábado.
A entrevista de Trump surge no mesmo dia em que o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, garantia, à CNBC, que, nesta fase, Washington e Pequim já percorreram "90% do caminho" com vista a um acordo. No entanto, este otimismo de Mnuchin deve ser lido com alguma reserva na medida em que também pouco antes de as conversações terem bloqueado em maio houve declarações de ambas as partes a sinalizar as condições alcançadas para fechar um compromisso.
O líder do Tesouro diz que falta acordar 10% dos termos para o acordo e Trump adianta que Pequim conhece perfeitamente aquilo que os EUA exigem para dar as negociações por concluídas com um desfecho positivo. Além da questão relacionada com o direito de propriedade, Washington exige condições de reciprocidade para as empresas americanas a operar, ou que queiram entrar, no mercado chinês.
O encontro entre os dois líderes é há largas semanas aguardado com grande expectativa nos mercados, havendo, da parte dos analistas, a perspetiva de que do mesmo não saia ainda um acordo final mas, pelo menos, uma espécie de cessar-fogo que permita suster a espiral protecionista em que consiste esta disputa comercial EUA-China promovida pela administração Trump.
As taxas alfandegárias reforçadas mutuamente impostas abrangem 250 milhões de dólares e atingem já o comércio de ambos os países. Apesar de o défice comercial dos EUA ter encolhido em 2,1% em abril, agravou-se em 29,7% nas trocas com a China. Regista-se ainda uma diminuição das exportações e das importações realizadas por Washington.
Trump gostava de ter Draghi na Fed em vez de Powell
Na longa entrevista concedida à estação televisiva conservadora, que é também a mais alinhada com a presidência de Trump, o líder norte-americano voltou a atacar o presidente da Reserva Federal dos EUA.
Trump considera que o líder do banco central americano está a fazer um "mau trabalho" e volta a pressioná-lo para que decida baixar os juros para que os EUA garantam melhores condições para competir com as restantes economias, em particular com a China. Depois de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, ter afirmado, na semana passada, estar disposto a voltar a fazer o necessário para manter a Zona Euro a crescer, abrindo assim a porta a novas descidas dos juros, Donald Trump, que gostaria de ver acontecer o mesmo nos EUA, disse que preferia ter o italiano à frente do banco central americano "em vez do nosso homem da Fed".
Apesar de manter que no âmbito das suas prerrogativas presidenciais está a possibilidade de afastar o líder da Fed, hipótese contestada por diversos especialistas, Trump garante nunca ter surgido fazer nada nesse sentido.
Já quanto a um dos temas mais sensíveis da atualidade, Trump reiterou que não pretende avançar com nenhum tipo de confrontação militar com o Irão, porém insistiu que, a ter de acontecer, a mesma não "demoraria muito" dada a enorme superioridade militar norte-americana.