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Trump "sem pressa" para fechar acordo comercial com a China
Numa série de tweets, o presidente dos Estados Unidos garante que as conversações com a China decorrem "de forma agradável" e diz não haver "qualquer pressa" para fechar um acordo comercial com a China. Pequim mantém ameaça de retaliação.
Um acordo comercial entre os Estados Unidos e a China não deverá estar para breve, sobretudo depois de esta sexta-feira, 10 de maio, o presidente norte-americano, Donald Trump, ter dito não haver qualquer pressa para fechar um compromisso com Pequim.
"As conversações com a China continuam a decorrer de forma agradável – não há absolutamente qualquer pressa [para fechar um acordo]", afirmou Trump num tweet publicado esta manhã.
Numa série de afirmações publicadas na rede social Twitter, Donald Trump justifica não haver pressa com o facto de agora já estar em vigor a taxa alfandegária reforçada (25%) que incide sobre um conjunto de bens chineses com um valor de 200 mil milhões de dólares.
Estas tarifas aduaneiras vão tornar os Estados Unidos "mais fortes", argumenta o residente na Casa Branca.
Talks with China continue in a very congenial manner - there is absolutely no need to rush - as Tariffs are NOW being paid to the United States by China of 25% on 250 Billion Dollars worth of goods & products. These massive payments go directly to the Treasury of the U.S....
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 10 de maio de 2019
A garantia de Trump surge numa semana em que se esperavam avanços concretos que permitissem aproximar as duas maiores economias mundiais de um acordo capaz de terminar com longos meses de negociação.
Contudo, esta quinta-feira o presidente americano acusou a China de ter "quebrado o acordo" que estaria próximo de ser alcançado, o que tornou inevitável que esta sexta-feira entrasse em vigor a nova taxa reforçada acima referida. As autoridades chinesas responderam com a garantia de que vão retaliar com "contramedidas proporcionais", embora notando que uma escalada protecionista não será benéfica para ninguém.
Também esta quinta-feira, o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, viajou para Washington para retomar as negociações com os EUA, tendo sido recebido com elogios do presidente americano. Esta sexta-feira as conversações prosseguem.
Em tom de aviso, Trump garante que vai continuar a negociar com as autoridades chinesas "na esperança de que eles não voltem a tentar refazer o acordo".
Os desenvolvimentos mais recentes nesta contenda pressionaram as bolsas mundiais que registaram fortes perdas nas últimas sessões.
Contudo o retomar de conversações permitiu alimentar alguma esperança nos mercados de que Washington e Pequim fechem um acordo que permita reduzir o défice norte-americano nas trocas comerciais com a China e retirar a ameaça de uma espiral protecionista que pende sobre uma economia global que apresenta sinais de abrandamento.
Trump elevou a pressão sobre a China precisamente numa fase em que tem crescimento o volume de emissão de obrigações de dívida americana. Pequim ameaça retaliar, contudo a imposição mútua de tarifas reforçadas feita ao longo de 2018 deixou a China sem grande margem para continuar a aplicar taxas sobre um maior volume de bens americanos. É que os EUA importam muito mais produtos da China do que acontece em sentido contrário.
Contudo, sabendo-se que a China é o principal detentor de dívida pública americana, volta a ganhar força, segundo os analistas, uma eventual aposta na venda massiva de títulos americanos, que implicaria um relevante aumento nos custos de financiamento da maior economia mundial.