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China retalia com mais tarifas sobre 60 mil milhões de dólares de bens dos EUA

A China tinha prometido responder ao aumento de tarifas dos Estados Unidos e cumpriu esta segunda-feira. A partir de 1 de junho, 2.493 bens importados dos Estados Unidos pela China vão pagar uma taxa alfandegária de 25%.

Reuters
13 de Maio de 2019 às 13:31
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Fracassado o esperado entendimento, China e Estados Unidos estão novamente envolvidos na mútua aplicação de taxas alfandegárias reforçadas que ameaça iniciar uma espiral protecionista capaz de desestabilizar o comércio mundial.

Tal como havia prometido na semana passada, a China respondeu ao aumento de tarifas decretado pelos Estados Unidos e esta segunda-feira, 13 de maio, anunciou que a partir de 1 de junho será aplicada uma tarifa aduaneira de 25% (até aqui era de 10%) a um conjunto de 2.493 bens norte-americanos e uma de 20% que vai incidir sobre 1.078 produtos. As taxas reforçadas vão recair sobre um valor global de 60 mil milhões de dólares de bens norte-americanos importados pela China.

De acordo com a informação revelada pelo ministério chinês das Finanças, 974 bens americanos serão alvo de uma taxa de 10%, enquanto 595 bens vão continuar a ser alvo de uma tarifa de apenas 5%.

A ação das autoridades de Pequim visa sobretudo bens do setor agrícola dos EUA, sendo que a imprensa internacional faz referência à possibilidade de a China deixar de importar produtos do setor primário norte-americano, hipótese que a concretizar-se teria um enorme impacto para os agricultores americanos. Por outro lado, também é avançada a possibilidade de a China reduzir o volume de encomendas de aviões da Boeing, cenário que ameaça penalizar as ações da fabricante.

Esta é a resposta de Pequim à entrada em vigor, na passada sexta-feira, de uma tarifa aduaneira reforçada de 25% que recai sobre um conjunto de produtos chineses no valor de 25%. Depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter avisado, a 5 de maio, que poderia decretar novas tarifas devido ao alegado recuo de Pequim nas negociações com vista a um acordo comercial, as autoridades chinesas avisaram que responderiam com as "contra-medidas necessárias".

Entretanto, já esta manhã Trump avisava Pequim para não ripostar na mesma moeda, garantindo que, se tal acontecesse, todas as empresas chinesas sairiam a perder. Na quinta-feira da semana passada, Donald Trump responsabilizava a China de ter "quebrado o acordo", justificando assim a imposição de novas taxas alfandegárias pela parte dos EUA.  

O potencial de desestabilização desta disputa comercial sobre os comércio mundial em geral, e sobre os mercados em particular, faz-se sentir na negociação do dólar nos mercados cambiais, com a divisa norte-americana a recuar para valores próximos de mínimos de 18 de abril. Também os futuros negociados em Wall Street já acentuaram as perdas que vinham sendo registadas ao longo da manhã.


A desconfiança de Trump relativamente ao comércio multilateral e a narrativa protecionista do presidente americano levaram Washington a decretar taxas reforçadas a blocos económicos como a União Europeia (com quem também negoceia um acordo comercial) e a China.

O objetivo de Trump passa por reduzir os défices comerciais que os EUA mantêm com as principais economias mundiais, sendo que relativamente à China o presidente americano quer assegurar condições de reciprocidade para as empresas americanas que queiram investir no mercado chinês, o que exige um conjunto de reformas económicas que o "capitalismo de Estado" chinês não vê com bons olhos.


Essa ideia parece estar num tweet publicado hoje em que Trump responsabiliza o homólogo chinês, Xi Jinping, de ter voltado atrás nos compromissos alegadamente assumidos na já longa negociação entre as duas partes: "Tinha um excelente acordo, quase finalizado, e voltou atrás".

(Notícia atualizada às 14:05)

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