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Powell jantou com Trump e pôs critérios políticos fora da mesa
Powell e Clarida, da parte da Reserva Federal norte-americana, sentaram-se à mesa da Casa Branca com o presidente Trump e o respetivo secretário de Estado do Tesouro, Mnuchin. A mensagem foi de separação entre os critérios utilizados para definir a política monetária e as motivações políticas.
O presidente norte-americano, Donald Trump, convidou o líder da Reserva Federal americana, Jerome Powell, para jantar. À mesa também se sentou o secretário de Estado do Tesouro, Steven Mnuchin, mas a Fed afirmou não haver espaço para "análise política" na sua intervenção como banco central, informou a instituição num comunicado, publicado pela CNBC.
O presidente da Fed, Jerome Powell, e o vice-presidente da mesma instituição, Richard Clarida, aceitaram o convite do presidente dos Estados Unidos para um "jantar informal" na Casa Branca, avançou o banco central. O objetivo foi "discutir os desenvolvimentos económicos recentes e as perspetivas de crescimento", diz a mesma nota.
Nesta discussão, o presidente da Fed terá aproveitado para reiterar a posição que marcou na conferência de imprensa da semana passada, que se seguiu à decisão da Fed de não alterar a taxa de juro diretora.
Segundo a comunicação da Fed, Powell "não discutiu as suas expectativas em relação à política monetária, exceto para sublinhar que o caminho a seguir em relação a estas políticas irá depender inteiramente da informação económica que é publicada e do respetivo significado para o panorama económico". As decisões, terá insistido, serão baseadas "somente em análise cautelosa, objetiva e não política".
Por fim, o presidente do banco central norte-americano garantiu que está a trabalhar tendo em mente objetivos como a criação máxima de emprego e a estabilização dos preços.
Na última quarta-feira, dia 30 de janeiro, a Reserva Federal dos Estados Unidos decidiu, sem surpresas, manter os juros diretores no atual intervalo entre 2,25% e 2,5%. Mas mudou substancialmente a linguagem do seu discurso. Não só não disse quantas vezes prevê mexer nos juros este ano, como também abriu a porta a que a próxima mexida possa ser para cima ou para baixo.
Vários meses de críticas
As últimas surgiram em dezembro, quando Trump criticou novamente Powell por "sequer considerar" subir taxas de juro. Isto um dia antes de a Fed decidir subir os juros pela quarta vez em 2018. A imprensa norte-americana chegou mesmo a avançar que Trump discutiu em privado a demissão do presidente do banco central pela sua decisão de aumentar os custos de financiamento, o que aumentou a tensão nos mercados financeiros no final de 2018 .
Em outubro, Trump disse também que a Fed estava a "cometer um enorme erro" ao manter o ritmo de normalização da política monetária. Afirmou ainda que os governadores do banco central estavam "doidos" e que a política da instituição é "demasiado agressiva".
Agora este jantar acontece numa altura em que Powell adotou uma postura mais "amigável" para Trump, uma vez que a Fed deixou de falar de subidas de juros.