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Trump: Investidores devem aproveitar "sell-off" para comprar acções

As acções norte-americanas transaccionam com o PER mais baixo em cinco anos. O presidente dos EUA diz que é uma "tremenda oportunidade para comprar".

26 de Dezembro de 2018 às 13:46
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A queda de 7,7% que o S&P500 registou nas últimas quatro sessões, já depois de um período de desvalorizações acentuadas em Wall Street, representa uma oportunidade para os investidores comprarem acções.

 

A recomendação é do presidente dos Estados Unidos e os dados financeiros mostram que Donald Trump até pode ter razão.  

 

"Temos empresas – as maiores do mundo, que estão a ter um grande desempenho", disse o presidente dos Estados Unidos aos jornalistas na Casa Branca. "Têm apresentado números recorde. Pelo que penso que esta é uma tremenda oportunidade para comprar. É mesmo uma grande oportunidade para comprar" acções, afirmou Trump.

 

As quedas recentes deixaram o S&P500 em mínimos desde Abril de 2017, sendo que o mês de Dezembro poderá ser o pior em Wall Street desde a Grande Depressão. Desde o início do mês o índice norte-americano recua 14,8%, sendo que no acumulado do quarto trimestre o desempenho é ainda mais negativo: -19,3%.

 

A turbulência vivida em Wall Street nas últimas sessões deve-se em muito ao presidente dos Estados Unidos. O Governo norte-americano está em "shutdown", sendo que a paralisação parcial deverá prolongar-se nos próximos dias, até que seja possível fechar um acordo para o financiamento do muro na fronteira com o México.

 

Mas o que mais enervou os investidores foi a possibilidade de Trump demitir o presidente da Reserva Federal. No fim-de-semana surgiram notícias de que o presidente dos Estados Unidos estava a ponderar afastar Jerome Powell.

 

O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, apressou-se a tentar acalmar os mercados ao afastar este cenário. Mas ao mesmo tempo emitiu um despropositado comunicado a anunciar que tinha falado com os CEO dos maiores bancos de Wall Street e que estes lhe tinham comunicado que não existam problemas de liquidez no sector financeiro. O mercado não entendeu a necessidade do Tesouro dos EUA de falar da saúde financeira dos bancos, o que agravou o nervosismo dos investidores e aprofundou a queda dos mercados accionistas na segunda-feira.

 

Trump reitera confiança em Mnuchin e Powell

 

A imprensa norte-americana noticiou que Trump terá ficado furioso com a forma como Mnuchin falhou na tentativa de acalmar os mercados, pelo que surgiram rumores que também pretendia demitir o seu secretário do Tesouro.

 

Na conversa com os jornalistas na Casa Branca, no final do dia de terça-feira, Trump desvalorizou este cenário. Questionado se mantinha a confiança em Mnuchin, afirmou que "sim mantenho, [Mnuchin] é um homem muito talentoso e uma pessoa muito inteligente".

 

Trump não foi tão generoso com o presidente da Fed, mas também afastou a possibilidade de o demitir. Repetiu que o banco central está a "subir as taxas de juro de forma muito rápida", mas tem a confiança que a Fed "rapidamente vai perceber isso".

 

Esta mensagem de confiança em Mnuchin e Powell está a ser entendida como uma forma de Trump acalmar os mercados financeiros, que têm registado dias de forte turbulência neste final de ano. Hoje as bolsas europeias estão encerradas mas Wall Street volta a negociar, sendo que a abertura deverá ser em alta, uma vez que os futuros sobre o S&P500 sobem mais de 0,5%. A confirmar-se, será o ponto final na série de desvalorizações mais acentuadas em quatro sessões desde 2015.

 

Acções norte-americanas no nível mais barato desde 2013

 

Após as declarações de Trump a aconselhar os investidores a comprar acções, a Bloomberg foi analisar em que nível se encontram os múltiplos de mercado de Wall Street. E constatou que a recomendação do presidente dos EUA até pode fazer sentido.

 

É que o PER (rácio que mede a relação entre a cotação e o lucro por acção) está no nível mais reduzido desde 2013. As cotadas do S&P500 estão a transaccionar a cerca de 13 vezes os lucros estimados para os próximos anos e também reduziram de forma substancial o prémio com que transaccionavam face às pares europeias no início do ano. Isto numa altura em que se mantém intacta a perspectiva de aumento nos lucros das empresas norte-americanas.

 

A análise da Bloomberg também mostra que as ocasiões anteriores em que Wall Street transaccionou com um PER tão reduzido representaram boas oportunidades de compra. Foi o que aconteceu no quarto trimestre de 2013, pois quem entrou no mercado nessa altura de desempenhos negativos, está agora a acumular um ganho de 56%.

 

  

 

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