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“Não ataquem a Síria!” e outras coisas que Trump já disse sobre o conflito

Donald Trump ordenou esta madrugada um ataque contra uma base aérea controlada pelas forças de Bashar al-Assad. Uma iniciativa certamente condenada por… Donald Trump. Pelo menos em 2013.

Reuters
07 de Abril de 2017 às 10:50
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Há pouco mais de três anos, o actual Presidente dos Estados Unidos tinha opiniões muito fortes sobre a actuação dos Estados Unidos na Síria, assumindo-se frontalmente contra qualquer acção militar. Essa posição era manifestada de forma enfática no Twitter, mas também mais recentemente durante a campanha eleitoral nos EUA.

"Fiquem fora da Síria", "os EUA não têm nada a ganhar", "não ataquem a Síria". Estas são algumas das coisas que Trump foi escrevendo em 2013, numa série de tweets, essencialmente concentrados no espaço de três meses. Na altura, Trump argumentava que os rebeldes sírios eram tão maus como o regime de Assad, que um conflito apenas contribuiria para aumentar a dívida pública americana, que Obama precisa de autorização do Congresso antes de ordenar qualquer ataque e que pode levar a um conflito de escala global.

Uma vez que não via um dos lados do conflito como mais virtuoso do que o outro, Donald Trump defendia que os Estados Unidos deveriam deixar que eles continuassem a lutar um contra o outro, sem intervir militarmente. 


A posição do líder norte-americano seguia uma clara linha de não-intervencionismo externo. O milionário defendia que os EUA deveriam concentrar-se em resolver os seus problemas internos e não desperdiçar recursos em guerras. Longe da política externa seguida durante a Administração Bush, bem como com Barack Obama. 




Em concreto, Trump foi muito crítico da "linha vermelha" definida por Obama em Agosto de 2012. "Para nós, uma linha vermelha é começarmos a ver uma data de armas químicas a serem transportadas de um lado para o outro ou a serem utilizadas", afirmou na altura o democrata. Trump achava que um ataque na Síria serviria apenas para salvar a face do então Presidente dos EUA.

Durante a campanha eleitoral, o Presidente dos EUA nunca inverteu aquelas posições, embora se referisse à Síria essencialmente para falar da crise de refugiados ou da necessidade de combater o Estado Islâmico. Servia de mote para atacar as políticas da antiga Administração e de Hillary Clinton, sem apresentar um plano sobre aquilo que pretende fazer na região. "Agora ela quer começar uma guerra na Síria em conflito com uma Rússia que tem armamento nuclear. Sinceramente, isso pode levar à III Guerra Mundial e ela não sabe o que diz", acusou num evento de campanha a poucos dias das eleições, referindo-se a Clinton.

Em 2013, Trump também parecia especialmente preocupado com as consequências geopolíticas de um ataque na Síria, temendo que os EUA acabassem envolvidos num conflito de escala global. 

Esta madrugada o Presidente dos EUA autorizou o lançamento de 59 mísseis tomahawk a partir de embarcações de guerra no Mediterrâneo contra uma base aérea controlada pelo Governo sírio, em resposta à alegada utilização de armas químicas pelo regime de Bashar al-Assad. Ou seja, Trump acaba por cumprir a linha vermelha que havia sido desenhada por Obama.

 

Uma decisão que provavelmente seria criticada por Donald Trump em 2013, quando a sua posição sobre este conflito não podia ser mais clara. 

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