Notícia
“Não ataquem a Síria!” e outras coisas que Trump já disse sobre o conflito
Donald Trump ordenou esta madrugada um ataque contra uma base aérea controlada pelas forças de Bashar al-Assad. Uma iniciativa certamente condenada por… Donald Trump. Pelo menos em 2013.
Há pouco mais de três anos, o actual Presidente dos Estados Unidos tinha opiniões muito fortes sobre a actuação dos Estados Unidos na Síria, assumindo-se frontalmente contra qualquer acção militar. Essa posição era manifestada de forma enfática no Twitter, mas também mais recentemente durante a campanha eleitoral nos EUA.
"Fiquem fora da Síria", "os EUA não têm nada a ganhar", "não ataquem a Síria". Estas são algumas das coisas que Trump foi escrevendo em 2013, numa série de tweets, essencialmente concentrados no espaço de três meses. Na altura, Trump argumentava que os rebeldes sírios eram tão maus como o regime de Assad, que um conflito apenas contribuiria para aumentar a dívida pública americana, que Obama precisa de autorização do Congresso antes de ordenar qualquer ataque e que pode levar a um conflito de escala global.
We should stay the hell out of Syria, the "rebels" are just as bad as the current regime. WHAT WILL WE GET FOR OUR LIVES AND $ BILLIONS?ZERO
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) June 16, 2013
What will we get for bombing Syria besides more debt and a possible long term conflict? Obama needs Congressional approval.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 29, 2013
How bad has our "leader" made us look on Syria. Stay out of Syria, we don't have the leadership to win wars or even strategize.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 30, 2013
If Obama attacks Syria and innocent civilians are hurt and killed, he and the U.S. will look very bad!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 30, 2013
Uma vez que não via um dos lados do conflito como mais virtuoso do que o outro, Donald Trump defendia que os Estados Unidos deveriam deixar que eles continuassem a lutar um contra o outro, sem intervir militarmente.
"@mguarino64: @realDonaldTrump " How would you treat the Syria situation if president ?" I'd let them all fight with each other-focus on US!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 1, 2013
"@BigSexyBDAvis: @realDonaldTrump mr trump would attack Syria or no?" No, lets make our country great again as they fight their war!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 4, 2013
Many Syrian ‘rebels’ are radical Jihadis. Not our friends & supporting them doesn't serve our national interest. Stay out of Syria!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 4, 2013
A posição do líder norte-americano seguia uma clara linha de não-intervencionismo externo. O milionário defendia que os EUA deveriam concentrar-se em resolver os seus problemas internos e não desperdiçar recursos em guerras. Longe da política externa seguida durante a Administração Bush, bem como com Barack Obama.
We should stop talking, stay out of Syria and other countries that hate us, rebuild our own country and make it strong and great again-USA!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 13, 2013
"@ASBrowntown: .@realDonaldTrump you want to send more Americans out to war? Why don't you sign up?" I am against an attack on Syria dummy!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 11, 2013
Don't attack Syria - an attack that will bring nothing but trouble for the U.S. Focus on making our country strong and great again!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 9, 2013
President Obama, do not attack Syria. There is no upside and tremendous downside. Save your "powder" for another (and more important) day!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 7, 2013
If the U.S. attacks Syria and hits the wrong targets, killing civilians, there will be worldwide hell to pay. Stay away and fix broken U.S.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 3, 2013
Em concreto, Trump foi muito crítico da "linha vermelha" definida por Obama em Agosto de 2012. "Para nós, uma linha vermelha é começarmos a ver uma data de armas químicas a serem transportadas de um lado para o outro ou a serem utilizadas", afirmou na altura o democrata. Trump achava que um ataque na Síria serviria apenas para salvar a face do então Presidente dos EUA.
The only reason President Obama wants to attack Syria is to save face over his very dumb RED LINE statement. Do NOT attack Syria,fix U.S.A.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 5, 2013
Durante a campanha eleitoral, o Presidente dos EUA nunca inverteu aquelas posições, embora se referisse à Síria essencialmente para falar da crise de refugiados ou da necessidade de combater o Estado Islâmico. Servia de mote para atacar as políticas da antiga Administração e de Hillary Clinton, sem apresentar um plano sobre aquilo que pretende fazer na região. "Agora ela quer começar uma guerra na Síria em conflito com uma Rússia que tem armamento nuclear. Sinceramente, isso pode levar à III Guerra Mundial e ela não sabe o que diz", acusou num evento de campanha a poucos dias das eleições, referindo-se a Clinton.
Em 2013, Trump também parecia especialmente preocupado com as consequências geopolíticas de um ataque na Síria, temendo que os EUA acabassem envolvidos num conflito de escala global.
Russia is sending a fleet of ships to the Mediterranean. Obama’s war in Syria has the potential to widen into a worldwide conflict.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 5, 2013
Esta madrugada o Presidente dos EUA autorizou o lançamento de 59 mísseis tomahawk a partir de embarcações de guerra no Mediterrâneo contra uma base aérea controlada pelo Governo sírio, em resposta à alegada utilização de armas químicas pelo regime de Bashar al-Assad. Ou seja, Trump acaba por cumprir a linha vermelha que havia sido desenhada por Obama.
Uma decisão que provavelmente seria criticada por Donald Trump em 2013, quando a sua posição sobre este conflito não podia ser mais clara.
AGAIN, TO OUR VERY FOOLISH LEADER, DO NOT ATTACK SYRIA - IF YOU DO MANY VERY BAD THINGS WILL HAPPEN & FROM THAT FIGHT THE U.S. GETS NOTHING!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 5, 2013
What I am saying is stay out of Syria.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 4, 2013