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EUA atacam base aérea na Síria em resposta a uso de armas químicas
Trump justificou a intervenção - que vinha ameaçando nos últimos dias - com a necessidade de "prevenir e parar a disseminação do uso de armas químicas mortais". Moscovo já condenou o ataque que, diz, compromete relações com Washington.
O presidente norte-americano Donald Trump ordenou na madrugada desta sexta-feira, 7 de Abril, o lançamento de 59 mísseis Tomahawk a partir de navios no Mediterrâneo contra uma base aérea de forças fiéis ao governo sírio de Bashar al-Assad, em Shayrat, como resposta pelo uso de armas químicas num ataque esta semana. Foi a primeira intervenção militar directa dos Estados Unidos contra o regime sírio.
Trump justificou a intervenção - que vinha ameaçando nos últimos dias - com o "interesse vital" de "prevenir e parar a disseminação do uso de armas químicas mortais". A luz verde para a acção armada ocorreu no primeiro dia da cimeira entre Trump e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, um encontro visto como sensível do ponto de vista económico mas também geopolítico.
O presidente russo - a Rússia e a Síria são tradicionais aliados - não foi informado do ataque, segundo o New York Times. Já a CBS refere que as forças russas foram avisadas antes da intervenção, algo que o porta-voz do Pentágono, Jeff Davis, confirmou.
O secretário de Estado Rex Tillerson acusou a Rússia de não ter cumprido a promessa de acabar com as armas químicas neste conflito e sugeriu cumplicidade de Moscovo com este ataque: "Ou a Rússia tem sido cúmplice, ou a Rússia tem sido simplesmente incompetente na sua capacidade de apresentar resultados".
"Anos de tentativas de tentar mudar Assad fracassaram e fracassaram dramaticamente," acrescentou Trump, citado pela Lusa.
Tonight I ordered a targeted military strike...... pic.twitter.com/3nUzrdiGzX
— President Trump (@POTUS) 7 de abril de 2017
Putin: Ataques causam danos significativos à relação EUA-Rússia
O Kremlin reagiu entretanto, referindo que os ataques significam uma agressão a uma nação soberana, violaram a lei internacional e causaram danos significativos na relação entre os EUA e a Rússia.
A Reuters, citando agências locais, avança que Putin considera que os ataques são um sério obstáculo à criação de uma coligação internacional para combater o terrorismo e que a acção militar foi um "pretexto" para desviar as atenções das muitas mortes de civis causados no Iraque. Não houve vítimas de nacionalidade russa envolvidas nesta acção.
Shayrat estará ligada ao ataque da passada terça-feira, 4 de Abril, que deixou pelo menos 86 mortos na localidade de Khan Cheikhun, em Idleb, noroeste da Síria, com recurso a um gás neurotóxico, tipo 'sarin'. As forças norte-americanas divulgaram mapas com trajectos de aeronaves que partiram naquele dia daquela base aérea, sobrevoaram a localização atingida com armas químicas e regressaram à base.
A França, por seu lado, admitiu ter sido avisada com antecedência: "Fui informado por Rex Tillerson durante a noite," disse o ministro dos Negócios Estrangeiros gaulês Jean-Marc Ayrault à Reuters .
Esta quinta-feira, de acordo com a Lusa, a antiga candidata presidencial Hillary Clinton, tinha defendido um recurso à força e a destruição das bases de apoio ao regime sírio.
"Ainda acredito que devíamos ter estabelecido uma zona de exclusão aérea, acredito que devíamos ter estado mais dispostos a confrontar [Bashar al-] Assad. (...) Acredito realmente que devíamos, e ainda devemos, destruir as suas bases aéreas e impedi-lo de ser capaz de as usar para bombardear inocentes e lançar gás sarin sobre eles", afirmou numa cimeira sobre mulheres em Nova Iorque.
Segundo avançou a agência oficial síria Sana, o ataque dos Estados Unidos resultou na morte de nove pessoas, entre as quais quatro crianças.
(Notícia actualizada às 11:55 com informações sobre o número de vítimas)