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Trump considera intervir militarmente na Síria

A CNN avança que Donald Trump terá transmitido a alguns congressistas que a possibilidade de avançar militarmente para a Síria está mesmo em cima da mesa. Trump assume ter mudado de opinião em relação a Assad e Moscovo avisa que o apoio a Damasco não é incondicional.

Reuters
06 de Abril de 2017 às 19:02
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Os Estados Unidos poderão mesmo retaliar militarmente contra a Síria em resposta ao ataque com armamento químico da passada terça-feira e que é atribuído ao exército leal ao presidente sírio, Bashar al-Assad. A CNN cita esta quinta-feira, 6 de Abril, uma fonte próxima da eventual decisão, que adiantou que Donald Trump comunicou a elementos do Congresso que está a considerar uma acção militar na Síria.

 

A mesma fonte referiu ainda à CNN que o presidente americano se mostrou preocupado com a gravidade da situação e que continuará a discutir eventuais formas de acção militar com o secretário da Defesa, James Mattis, antes de tomar uma decisão final, com Trump a depositar confiança no julgamento que vier a ser feito pelo general conhecido como "Mad Dog" Mattis.

 

A embaixadora americana junto das Nações Unidas, Nikki Haley, ameaçou numa reunião do Conselho de Segurança da organização, realizada esta quarta-feira, que se a ONU não fizer nada em relação ao que se passa na Síria, os Estados Unidos podem ser "compelidos a agir por nós próprios".

 

Na notícia avançada esta quinta-feira, a CNN acrescenta ter a informação, obtida através de oficiais do Pentágono, de que o exército americano mantém há muito tempo preparado um conjunto de possíveis acções militares para enfraquecer a capacidade de armamento químico de Damasco. A administração Trump estará já ao corrente desse leque de opções militares.

 

Também esta quarta-feira, Trump considerou o bombardeamento no norte da Síria, que segundo o último balanço provocou a morte de pelo menos 86 civis, incluindo 30 crianças e 20 mulheres, como "um ataque químico horrendo contra pessoas inocentes", classificando o mesmo de "hediondo".

 

Aparentemente, o ataque realizado na terça-feira na localidade de Khan Sheikhun, província de Idlib, controlada pelas forças rebeldes que combatem o regime de Assad, terá mudado a perspectiva de Donald Trump em relação ao conflito que se arrasta no país desde Março de 2011 e ao próprio presidente sírio.

 

"A minha atitude em relação à Síria e a Assad mudou muito", admitiu ontem Trump numa conferência de imprensa nos jardins da Casa Branca, acrescentando que foram "ultrapassadas muitas linhas". Antes de ser candidato às presidenciais, Trump defendeu, logo no Verão de 2013, a não intervenção militar americana no conflito sírio e, já como concorrente à Casa Branca, disse ser a favor da manutenção de Assad no poder enquanto única forma de garantir alguma estabilidade no país, e de uma aliança com a Rússia para estabilizar o Médio Oriente. 

A linha vermelha

 

No Verão de 2013, quando o regime de Damasco efectuou diversos bombardeamentos que as organizações activistas na região e a própria ONU consideraram terem sido realizadas com recurso a agentes químicos (gás sarin), o então presidente Barack Obama avisou Assad de que prosseguir com este tipo de acções representaria o ultrapassar de uma linha vermelha.

 

Contudo, mesmo depois de ultrapassada essa linha, os Estados Unidos acabaram por não intervir directamente no conflito, optando por continuar a apoiar financeira e militarmente os rebeldes sírios considerados moderados, estratégia muito criticada por elementos do Pentágono e do partido Republicano porque muitas dessas armas acabaram nas mãos de grupos terroristas com presença no país, como foi o caso do Estado Islâmico e da filial síria da al-Qaeda.

 

Apesar de defender o afastamento de Assad, Obama acabou por acordar com o seu homólogo russo, Vladimir Putin - a Rússia apoia a manutenção do regime sírio, importante aliado na região –, o desmantelamento, com observância da ONU, do arsenal químico da Síria. O que, afinal de contas, não terá sido concretizado com êxito.

 

A embaixadora Halley instou esta quarta-feira os restantes membros a aprovarem  a resolução proposta por Estados Unidos, França e Reino Unido de condenação ao recurso a armamento químico na Síria, intenção vista como pouco provável devido ao poder de veto da Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança.

 

Apesar das dúvidas e dos complexos contornos que tal decisão acarretaria, o posicionamento russo de apoio ao regime ditatorial deAssad – a força aérea russa intervém no conflito sírio desde Setembro de 2015 - poderá estar agora mais frágil. É pelo menos essa a leitura da declaração hoje feita à Associated Press pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que avisou que o apoio russo ao regime de Assad não é incondicional. 

 

 

No entanto, não há ainda uma recuo do Governo russo, cuja posição oficial foi a transmitida pelo ministro da Defesa, que explicou a libertação de agentes químicos decorrente do ataque de terça-feira com o bombardeamento a um armazém onde alegadamente forças rebeldes mantinham armas químicas. Também o Governo de Assad culpa as forças rebeldes por manterem arsenais químicos. 

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